BOSTON/SÃO FRANCISCO (Reuters) - Alguns investidores com foco no meio ambiente não estão prontos para comprar ações da Lyft (NASDAQ:LYFT) ou da Uber, preocupados com o impacto climático as duas ofertas públicas iniciais amplamente monitoradas este ano.
Ambas as empresas esperam afastar as pessoas da posse de carros e promover serviços de transporte compartilhados e sustentáveis, entre suas muitas ambições que já reformularam o tráfego nas principais cidades dos Estados Unidos.
As ações da Lyft começaram a ser negociadas na sexta-feira e a Uber iniciará seu IPO este mês, embora nenhum tenha se mostrado rentável. Os papéis da Lyft recuaram na segunda-feira para abaixo do preço inicial de 72 dólares.
Acadêmicos e urbanistas ainda estão estudando se as empresas ajudarão a reduzir as emissões de carbono fazendo um melhor uso das frotas de veículos existentes ou terão um efeito altista obstruindo o tráfego e desviando os passageiros dos trens e ônibus.
Mesmo que as empresas argumentem que o congestionamento tem muitas causas, incluindo o crescimento da população da cidade, alguns investidores citam os primeiros indícios de que a tecnologia não coloca menos carros na estrada.
Joshua Brockwell, diretor da Azzad Asset Management, que analisa aspectos ambientais em decisões de investimento, disse que as duas empresas também enfrentam a questão dos "deadheading" de motoristas, quando o carro circula sem passageiros.
Embora ambas também tenham como objetivo reduzir a propriedade de carros particulares, ele disse, "esse não é um objetivo ecologicamente correto. São, em geral, os quilômetros percorridos e as emissões de carbono que contam".
Representantes de vários outros investidores bem conhecidos focados no clima disseram que não compram IPOs ou que não estavam prontos para investir na área de caronas, incluindo a Green Century Funds, a Boston Common Asset Management e a Parnassus Investments.
Um estudo da Autoridade de Transporte do Condado de São Francisco descobriu que cerca de metade do novo congestionamento em São Francisco de 2010 a 2016 foi de transporte compartilhado. A velocidade média na cidade era de 33km por hora no final do período, os pesquisadores descobriram, 5km por hora mais lenta do que no início.
Executivos da Lyft, incluindo o chefe de Políticas, Anthony Foxx, disseram que a empresa tomou outras medidas para combater o congestionamento, como mostrar horários de chegada de ônibus em seu smartphone e investir em bicicletas e scooters. A Lyft também diz que gastou milhões de dólares em compensações de carbono em 2018 e apoia a infraestrutura de trânsito.
A Uber não disponibilizou executivos para comentar, mas a empresa assumiu compromissos com bicicletas, scooters e outras iniciativas de sustentabilidade. Seu presidente-executivo, Dara Khosrowshahi, prometeu em setembro 10 milhões de dólares para estudar ideias como o preço de corridas no congestionamento para acelerar o tráfego.
(Por Ross Kerber em Boston e Heather Somerville em São Francisco)