EXCLUSIVO-Árabes investirão US$500 mi em projeto da "supercana", diz Eike

Publicado 31.03.2025, 15:58
Atualizado 31.03.2025, 16:56
© Reuters. Máquina corta cana-de-açúcar em canavial da São Marrtinho em Pradópolisn13/09/2018 REUTERS/Paulo Whitaker

Por Luciana Magalhaes e Oliver Griffin

SÃO PAULO (Reuters) - O empresário brasileiro Eike Batista, cujo império de commodities e energia entrou em colapso há mais de uma década, disse que investidores árabes anunciarão em breve um investimento de US$500 milhões em seu novo projeto usando cana-de-açúcar desenvolvida para aumentar a produção de combustíveis sustentáveis.

O projeto, que já havia garantido US$500 milhões do banco de desenvolvimento privado Brazilinvest, sediado em São Paulo, pretende fechar outro investimento desse porte esta semana junto a um investidor estratégico nos Emirados Árabes Unidos, disse Eike à Reuters.

O empresário, que já foi o homem mais rico do Brasil, disse que o investimento será usado para um novo módulo de 70 mil hectares de área plantada.

"A supercana é a nossa revolução", afirmou o Eike, em uma entrevista em vídeo na sexta-feira.

Ele acrescentou que o projeto foi concebido para ter uma capacidade de produção de mais de 1 bilhão de litros de etanol, bem como cerca de 979.000 toneladas métricas de embalagens biodegradáveis ​​usando biomassa de cana processada.

A planta, a ser construída no Estado do Rio de Janeiro, usará o etanol para fabricar mais de meio bilhão de litros de combustível de aviação sustentável (SAF), disse Eike, acrescentando que espera eventualmente lançar um total de 20 módulos de 70 mil hectares cada, em diversas regiões do país.

O retorno planejado por Eike, apostando em uma "supercana", atraiu ceticismo de alguns críticos na bem estabelecida indústria de etanol do Brasil, mas o empresário ressurge dizendo que a tecnologia passou por mais de uma década de testes.

Eike disse que pretende suplantar a variedade de cana-de-açúcar RB867515 -- a mais comum no Brasil -- com sua nova variedade SC157070 crescendo mais de cinco metros de altura e permitindo um plantio mais denso.

No mínimo, a nova variedade pode produzir de duas a três vezes mais etanol do que a cana tradicional, bem como de 7 a 12 vezes mais biomassa, acrescentou Eike.

"Na minha visão, os usineiros hoje no Brasil, nos próximos 5, 10, 15, 20 anos, vão trocar toda a cana plantada hoje no Brasil por essa cana que tem um motor diferente."

CETICISMO DA INDÚSTRIA

O projeto de Eike enfrentou críticas iniciais de Rubens Ometto, fundador da gigante brasileira Cosan (BVMF:CSAN3), que disse que suas experiências anteriores com tecnologias semelhantes não cumpriram o que prometiam.

Ele disse que a experiência de Ometto envolveu tecnologia mais antiga, enquanto seu novo projeto se beneficia de décadas de avanços.

O histórico de problemas legais e financeiros do ex-magnata do petróleo e da mineração também paira sobre este novo empreendimento.

Como ele está legalmente impedido de ser proprietário no momento, Eike está alinhando direitos para subscrições futuras do empreendimento.

O empresário já foi classificado entre as pessoas mais ricas do mundo, até que suas participações nos setores de petróleo, energia, portos e mineração entraram em colapso. Ele foi preso em 2017 sob alegações de que pagou propinas para contratos com o governo do Estado do Rio de Janeiro.

O empresário nega qualquer irregularidade e diz que estava cercado pelas pessoas erradas. "Uma das coisas mais difíceis no Brasil realmente é você juntar equipes", disse ele. "Hoje você consegue monitorar... Através de coisas digitais e sistemas digitais você consegue monitorar melhor."

Durante seus anos dourados na década de 2000, Eike abriu o capital de várias empresas, incluindo a OGX, sua principal empresa de petróleo, que não atendeu às expectativas dos investidores e foi forçada a entrar com pedido de proteção contra falência.

Em 2021, ele foi condenado e multado por uso de informação privilegiada e manipulação de mercado envolvendo a OGX (BVMF:OGXP3).

Eike disse que não está buscando tornar seu novo empreendimento público, uma vez que conta com recursos de grandes investidores diretos.

Ele e sua equipe também estão trabalhando na fase piloto de uma criptomoeda, chamada $EIKE, que atualmente está avaliando o interesse de investidores fora do Brasil.

O uso potencial da criptomoeda para financiar o projeto chamou a atenção do regulador do mercado brasileiro, a CVM, que está revisando o $EIKE. No entanto, o token não é imediatamente destinado ao uso no Brasil, disse ele.

"A legislação do mundo inteiro ainda está muito confusa. A SEC americana não tem ainda as regras muito claras e acho que o Brasil não permite fazer isso", disse ele, acrescentando que espera que a tecnologia blockchain revolucione os negócios ao eliminar intermediários como bancos e corretoras.

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