Por Hadeel Al Sayegh e Marwa Rashad e Rania El Gamal
DUBAI/RIAD (Reuters) - A oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da petroleira estatal Saudi Aramco será a maior da história, embora fique significativamente aquém da avaliação de 2 trilhões de dólares há muito procurada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.
A Aramco precificou seu IPO a 32 riyals (8,53 dólares) por ação, o topo da faixa indicativa, disse a empresa em um comunicado, levantando 25,6 bilhões de dólares e superando a então listagem recorde da Alibaba, que em 2014 movimentou 25 bilhões de dólares.
Dessa forma, a Aramco possui uma avaliação de mercado de 1,7 trilhão de dólares, confortavelmente ultrapassando a Apple (NASDAQ:AAPL) como empresa listada mais valiosa do mundo.
Ainda assim, a listagem --que era esperada para o final deste mês na bolsa de Riad-- ficou muito distante da estreia "arrasa-quarteirões" originalmente prevista pelo príncipe herdeiro.
A Arábia Saudita contou com investidores domésticos e regionais para vender uma fatia de 1,5% da companhia após interesse morno do exterior, mesmo com a avaliação reduzida de 1,7 trilhão de dólares.
Mais cedo, fontes disseram à Reuters que a Aramco ainda pode exercer uma opção de "greenshoe" (oferta de lote complementar de ações) de 15%, o que permitiria que o negócio fosse elevado para um valor máximo de 29,4 bilhões de dólares.
A precificação ocorre em um momento em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se prepara para aprofundar cortes na produção da commodity para apoiar as cotações do produto. Um acordo deve ser celebrado pelo grupo com aliados, como a Rússia, ainda nesta semana.
Preocupações com mudanças climáticas, riscos políticos e a falta de transparência corporativa mantiveram investidores estrangeiros distantes da oferta, forçando o reino a abandonar suas ambições de levantar até 100 bilhões de dólares através de uma listagem internacional e doméstica de uma fatia de 5%.
Mesmo com a avaliação de 1,7 trilhão de dólares, instituições internacionais demonstraram apetite moderado, o que levou a Aramco a descartar ofertas em Nova York e Londres. Ao invés disso, a empresa focou no mercado de Riad, para investidores sauditas e abastados aliados do Golfo Pérsico.
Bancos sauditas ofereceram aos cidadãos do país crédito barato para participação na oferta.
Riad não tem se manifestado sobre quando e onde pode listar a Aramco internacionalmente.
(Reportagem de Hadeel Al Sayegh, Marwa Rashad e Rania El Gamal, com reportagem adicional de Saeed Azhar)