Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) - O Assaí (BVMF:ASAI3) caminha para se tornar uma "corporation", empresa de capital pulverizado, disse o presidente do atacarejo brasileiro, Belmiro Gomes, nesta quinta-feira, diante de uma gradual perda de influência do acionista controlador Casino sobre a companhia.
O grupo francês vem indicando uma redução de seu poder no Assaí, incluindo pela venda de parte de sua participação no final do ano passado em operação de 2,68 bilhões de reais.
"O caminho é o Assaí se tornar uma 'corporation'", disse Gomes em conferência de resultado com analistas. "Isso vai ficar muito evidente nos passos que vamos dar para frente", acrescentou.
Gomes indicou que novas alterações no estatuto da companhia devem ser anunciadas nos próximos meses para consolidar essa nova governança. Segundo ele, o Assaí trabalha com duas consultorias para avaliação dessas medidas.
Em dezembro, o Assaí incluiu em seu estatuto a necessidade de um aval dos acionistas, via assembleia geral, para realização de transações com partes relacionadas que ultrapassem 100 milhões de reais. O movimento, segundo o presidente da empresa, deu mais conforto aos minoritários.
O Casino, que também é o maior acionistas do GPA, dono do Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3), detém cerca de 30,5% das ações do Assaí, sendo que o restante dos papéis está em livre circulação no mercado, e a maioria dos assentos no Conselho de Administração do atacarejo.
O Assaí renovará mais para frente neste ano seu Conselho, em outro passo que deve consolidar a saída do Casino do controle da companhia.
"A renovação do Conselho vai dar mais uma demonstração", disse Gomes, em referência à rota da companhia para virar uma "corporation". "Estamos muito alinhados com nosso acionista controlador dentro desse sentido", acrescentou.
O movimento ocorre em um momento que o grupo francês atravessa uma estratégia de redução de dívida com venda de ativos.
CRESCIMENTO DE VENDAS
Gomes disse que os dados deste ano até então mostram vendas superiores em bases mesmas lojas e total, enquanto a empresa espera registrar em 2023 um lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) nos mesmos patamares do ano anterior.
O Assaí pretende finalizar neste ano a conversão dos hipermercados Extra adquiridos do GPA, um movimento de mercado que elevou sua alavancagem financeira.
Conforme as conversões são concluídas, o Assaí prevê reduzir a relação dívida líquida/Ebitda ajustado para um nível próximo a 2 vezes no fim de 2023 e cerca de 1,5 vez em 2024. No fim do ano passado, essa relação era de 2,19 vezes.
A companhia projeta abrir cerca de 40 lojas este ano, após 60 aberturas em 2022, das quais 37 apenas nos três últimos meses do ano passado, que incluíram 33 conversões após a compra de pontos do Extra.
Na conferência, o executivo disse a analistas que a perspectiva de um potencial cenário mais duro do que o esperado para curva de juros em 2023, bem como de desaceleração da inflação, não muda o cenário da empresa para o ano.
O Assaí divulgou na noite da véspera lucro líquido de 406 milhões de reais no quarto trimestre de 2022, alta de 7,3% sobre um ano antes. Às 13:18 (de Brasília), as ações da empresa caíam 2,39% na bolsa, enquanto o Ibovespa cedia 0,86%.
(Por André Romani)