Investing.com – Um analista do Mizuho afirmou que o setor de semicondutores enfrentará um teste crucial esta semana, com desenvolvimentos iminentes que podem definir sua trajetória futura.
O banco de investimento destacou diversos fatores que podem impactar empresas como ASML Holding NV (AS:ASML) ADR (NASDAQ:ASML), Tokyo Electron Ltd. (TYO:8035), BE Semiconductor Industries NV (AS:BESI), e ASM International NV (AS:ASMI).
Primeiramente, o relatório do Mizuho indica que o governo dos EUA está avaliando impor mais restrições à venda de equipamentos de semicondutores para a China, incluindo ferramentas produzidas fora dos EUA por empresas como ASML e Tokyo Electron.
"O governo dos EUA está determinado a limitar o desenvolvimento e a produção de semicondutores avançados na China", comentou o analista.
"Não há discussão sobre restrições a equipamentos avançados ou novas proibições de exportação para fornecedores de equipamentos de semicondutores dos EUA. Parece que Biden está buscando uma postura mais firme contra a China para as eleições e para o DNC no próximo mês", acrescentaram.
Essas restrições podem afetar significativamente a ASML, considerando que 49% de sua receita do segundo trimestre veio da China, embora não de seus equipamentos EUV.
O último relatório de lucros da ASML, apesar de exibir resultados robustos para o segundo trimestre, projetou uma orientação abaixo do esperado para o terceiro trimestre. Embora tenha superado as previsões para o segundo trimestre, a expectativa para o terceiro trimestre foi reduzida, majoritariamente por questões de reconhecimento de receita.
"A ASML reafirmou as previsões de receita para os anos fiscais 24 e 25, então a queda no terceiro trimestre é meramente uma questão de tempo de reconhecimento de receita", observou o analista. A preocupação com as restrições mais rígidas dos EUA à entrada de semicondutores na China ofuscou esses resultados, levando a uma liquidação no setor.
Além disso, o Mizuho comentou sobre declarações recentes do ex-presidente Donald Trump numa entrevista à Businessweek, que ressaltou dúvidas sobre os compromissos de defesa dos EUA com Taiwan. Trump sugeriu que Taiwan deveria compensar financeiramente os EUA por sua defesa, uma afirmação que reacendeu temores dos investidores em relação à Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) e às tensões geopolíticas mais amplas.
"Isso apenas aumenta as preocupações anteriores entre os investidores da TSMC sobre o risco de uma invasão ou interrupção pela China. Essas preocupações eram intensas em 2023, mas foram ofuscadas pelo crescimento e pela força da IA", comentou o analista do Mizuho.
"Trump parece esquecer que qualquer problema com a TSM em Taiwan significaria a interrupção no fornecimento de novos iPhones ou Macbooks e os dispositivos Samsung (KS:005930) / Android também seriam afetados. Isso certamente irritaria o eleitorado dos EUA, não é mesmo? E as empresas de nuvem dos EUA também ficariam sem GPUs ou silício de IA".
Por outro lado, o analista também apontou para possíveis beneficiários das restrições dos EUA às vendas de equipamentos semicondutores para a China, como a Intel (NASDAQ:INTC) e a Texas Instruments (NASDAQ:TXN), considerados "vencedores" em potencial. No entanto, ainda há cautela com esses nomes.
"Apesar disso, mantemos uma abordagem cautelosa com relação a esses nomes. A Micron, com forte presença nos EUA, caiu 4% como parte das consequências das restrições semicondutoras".
Mizuho enfatizou que todos os fatores citados reforçam a importância dos próximos relatórios de lucros e orientações da TSMC. Mais importante ainda, os comentários do fabricante sobre IA, tendências gerais do mercado de fundição, dinâmica de preços, despesas de capital e pedidos não relacionados à IA serão cruciais.
"A maneira como as ações da TSM serão negociadas amanhã será decisiva para os próximos passos no setor de semicondutores", enfatizou o analista. "Na minha opinião, qualquer notícia negativa ou preocupante potencializa o risco no mercado".
"E, sinceramente, o risco no mercado de semicondutores pode ser mais sobre uma mudança dos líderes tecnológicos do ano para os mais afetados pelas taxas".
A volatilidade da Nvidia (NASDAQ:NVDA) é particularmente reveladora, visto que, apesar de seus fundamentos sólidos, a ação tem caído nos dias em que os setores não tecnológicos se recuperam.
Restrições dos EUA podem impactar ações
As ações das empresas de semicondutores enfrentaram pressões devido à possibilidade de os EUA implementarem restrições comerciais mais severas, como parte de seus esforços para limitar o acesso da China a chips avançados.
Relatos indicam que a administração Biden está considerando impor restrições comerciais mais estritas caso empresas como a Tokyo Electron Ltd. e a ASML (AS:ASML) continuem a facilitar o acesso da China a tecnologias avançadas de semicondutores.
No pregão pré-mercado de quarta-feira, várias ações apresentaram queda: Taiwan Semi (-5%), Applied Materials (NASDAQ:AMAT) (-4%), ASML Holdings (NASDAQ: ASML) (-7,8%), Broadcom (NASDAQ:AVGO) (-3,7%), Lam Research (NASDAQ:LRCX) (-4,5%), Micron Technology (NASDAQ:MU) (-4,2%) e NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (-4%). Por outro lado, a Intel (NASDAQ:INTC) mostrou um aumento de 2,9%, pois provavelmente se beneficiará desta situação.
Entretanto, um relatório da Bloomberg apontou que a administração Biden enfrenta resistências em sua iniciativa de restringir o acesso da China aos chips. O governo dos EUA teria comunicado a seus aliados que considera aplicar as restrições comerciais mais rigorosas disponíveis se continuarem a permitir que a China tenha acesso a tecnologias avançadas de semicondutores.
As restrições poderiam incluir a aplicação de uma medida chamada "regra de produto estrangeiro direto" (FDPR), que possibilitaria ao país controlar produtos fabricados no exterior que utilizem até mesmo uma pequena porção de tecnologia americana.
Essa medida visa limitar as operações na China de empresas como a Tokyo Electron, do Japão, e a ASML, da Holanda, que são cruciais para a fabricação de chips.
A Bloomberg também ressaltou que o governo dos EUA encontra-se em uma situação delicada: empresas americanas se sentem injustamente prejudicadas pelas restrições às exportações para a China, e os aliados têm poucos incentivos para mudar suas políticas, especialmente às vésperas das eleições presidenciais dos EUA.
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