Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Na última segunda-feira (23), o Banco Inter (SA:BIDI11) deu início à cobertura do setor de papel e celulose com avaliações das empresas Klabin (SA:KLBN11) e Suzano (SA:SUZB3), que receberam, respectivamente, recomendação de Compra e Neutra, com preços-alvo de R$ 33 e R$ 56.
O papel da Klabin fechou o pregão desta terça-feira em baixa de 0,34%, a R$ 23,37, enquanto a Suzano registrou queda de 1,03%, a R$ 50,10. Ambas foram na contramão do Ibovespa, que fechou o dia em alta de 2,24%, aos 109.786 pontos.
O setor é de grande relevância no Brasil, e só vem crescendo. Em 2019, a indústria de base florestal fechou com US$ 10,3 bilhões de saldo na balança comercial, o segundo melhor resultado dos últimos dez anos. Em termos de exportação, o valor foi de cerca de US$ 11,3 bilhões, o que corresponde a 4,3% de toda a exportação brasileira, grande parte consumida pela China.
Na percepção do Inter, a demanda por celulose deve continuar a crescer, sobretudo por produtos tissue e embalagens, o que deve mais do que compensar a queda prevista para papéis IE e papéis para jornal. Os principais direcionadores da visão do banco são o crescimento da população; a urbanização; o aumento de renda; o crescimento econômico; a demanda por qualidade; o avanço do e-commerce; e a alta em embalagens.
O banco cita em seu relatório as projeções da consultoria Proyry de que a demanda deve crescer a uma taxa anual de 2,6% na América Latina até 2030. O número deve ser de 3,6% na África e de 3,2% na Ásia.
O banco ressalta, no entanto, que “o setor tem passado por um desbalanceamento por parte não apenas de uma oferta mais {{|0robusta}}, mas também de uma demanda ainda sofrendo com a desaceleração econômica”. O volume maior de oferta fez com que o mercado se tornasse agressivo em termos de precificação, causando queda nos preços da celulose e, consequentemente, nas receitas e margens das companhias. Assim, o banco indica que alguns produtores podem ter de encerrar suas operações, o que poderia empurrar os preços de volta para cima.
Como principais riscos para o setor, o Inter aponta possíveis problemas políticos ou econômicos na China, de cujo consumo a indústria é cada vez mais dependente; o risco ambiental; a desaceleração do comércio online; novas capacidades entrando no mercado; a variação cambial; e uma desaceleração da economia global.
Klabin
O Inter recomenda Compra para a Klabin, com preço-alvo de R$ 32, pois acredita “que a flexibilidade da empresa em direcionar sua produção para mercados mais rentáveis a depender do cenário continuará como diferencial, permitindo à companhia ganhos de margens”. O banco destaca ainda os investimentos em eficiência, tecnologia e produto, o que proporciona diversas avenidas de crescimento.
Como pontos de atenção para a empresa, o Inter destaca o fato de a companhia pagar royalties pelo direito de uso da marca Klabin; o endividamento, que saltou de 3,3x no 4T19 para 4,4x no 2T20; e o processo de integração e captura de sinergias da aquisição recente da International Paper no Brasil.
Suzano
Em relação à Suzano, a recomendação do banco é Neutra, com preço-alvo de R$ 56. O Inter diz acreditar no modelo de negócios da companhia e em seu forte posicionamento tanto local quanto global, sobretudo no segmento de celulose, o que pode permitir vantagem competitiva. Outro ponto levantado é o perfil inovador da empresa.
No entanto, o Inter aponta como pontos de atenção o endividamento e as pressões dos clientes nos preços, que poderia limitar a geração de caixa, o que motiva a recomendação Neutra. Outros riscos para a companhia são: falha nas negociações para vendas de celulose; falha na estratégia de redução de madeiras de terceiros; aumento da alavancagem; aumento das despesas financeiras; e risco ESG.