As ações da JBS (SA:JBSS3) e da Marfrig (SA:MRFG3) começaram o primeiro pregão do ano em forte queda na B3 (SA:B3SA3), pressionadas por notícias vindas dos Estados Unidos. Os papéis da JBS eram negociados a R$ 36,40, em queda de 4,08% (12h10), enquanto as ações da Marfrig recuavam 2,63%, para R$ 21,49, às 12h10.
O motivo para o início de ano turbulento para as empresas brasileiras são os movimentos que a Casa Branca deve comunicar ainda nesta segunda. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai anunciar os planos do governo para combater o poder de mercado dos conglomerados que dominam o processamento de carnes e aves, intensificando uma campanha que já dura meses e destaca práticas anticompetitivas no setor como parcialmente culpadas pela inflação de alimentos, conforme a Bloomberg News.
Com isso, o efeito sobre as ações das empresas foi praticamente imediato. A JBS tem nas operações de carne bovina dos Estados Unidos seu maior negócio em todo o mundo. Há quem diga que hoje a empresa é muito mais americana do que brasileira. No terceiro trimestre do ano passado, por exemplo, a JBS viu seu lucro líquido dobrar exatamente por conta dos seus resultados nos Estados Unidos.
Na Marfrig, a situação não é diferente. Depois da compra da National Beef, a empresa viu o peso das operações americanas crescer de forma significativa no resultado geral da companhia. Assim como a concorrente, foi a operação dos Estados Unidos que garantiu um resultado positivo do terceiro trimestre do ano passado à Marfrig, com seu lucro líquido crescendo duas vezes e meia.
Com a movimentação da Casa Branca para tentar conter o poder do setor, muitos investidores estão ajustando suas posições. Biden vai se juntar ao secretário de Agricultura, Tom Vilsack, e ao procurador-geral, Merrick Garland, para ouvir queixas de pecuaristas e fazendeiros sobre a consolidação no setor, que ainda engloba empresas como Cargill e Tyson Foods (NYSE:TSN). Juntas, as quatro empresas concentram 80% da capacidade de processamento de carne bovina dos Estados Unidos.
Dinheiro para concorrentesEntre as medidas que devem ser anunciadas, segundo a Bloomberg News, está a liberação de US$ 1 bilhão em assistência federal para auxiliar a expansão de empreendimentos independentes. Além disso, novos regulamentos de concorrência estão em análise. A briga de Biden com os frigoríficos já o coloca como um presidente disposto a enfrentar interesses comerciais poderosos quando se trata dos preços cobrados do consumidor.
Esse é outro motivo para que o presidente americano tome medidas contra o setor. A ideia é tentar conter a inflação dos preços das carnes, que garantiram os lucros das empresas no terceiro trimestre do ano passado. As carnes, que acumulavam alta de 16% nos 12 meses até novembro, deram a maior contribuição à inflação nos supermercados. Representantes do setor atribuem o avanço dos preços à escassez de mão de obra, à alta de preços dos combustíveis e às restrições nas cadeias de suprimentos, segundo a Bloomberg News.