O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltou ao mercado financeiro para vender uma fatia adicional das ações do frigorífico JBS (SA:JBSS3), da família Batista, dois meses depois de começar a se desfazer da posição. A venda envolve cerca de 50 milhões de papéis, segundo fontes. A transação deverá somar cerca de R$ 2 bilhões. A venda foi feita via leilão na B3, a Bolsa brasileira.
Com a venda, a participação do BNDES na empresa ruma para abaixo de 20%. Antes da transação, o banco de fomento tinha uma fatia de 24,5% na empresa - maior exposição da carteira de renda variável da instituição financeira. A operação está sendo conduzida pelo BTG Pactual (SA:BPAC11), que deu garantia firme no lote, explicou uma pessoa próxima ao assunto.
Conforme fontes, a JBS é a compradora natural desse lote no leilão da Bolsa, por meio de seu programa de recompra de ações. Na venda realizada em dezembro ocorreu o mesmo, com a empresa recomprando as ações que foram vendidas pelo banco de fomento.
Adeus às gigantes
Na gestão de Gustavo Montezano, o BNDES reduziu em mais de R$ 80 bilhões sua carteira de renda variável, despedindo-se das chamadas gigantes nacionais, como Petrobras (SA:PETR4), Vale (SA:VALE3) e Suzano (SA:SUZB3). Durante a maior parte da década passada, a instituição de fomento investiu pesadamente na formação de campeões nacionais, que incluiu altos incentivos a frigoríficos como Marfrig (SA:MRFG3) e JBS.
Em troca de bilionários empréstimos para fomentar sua expansão dentro e fora do País, o BNDES acabou se tornando sócio de muitas companhias por meio de seu braço de participações, o BNDESPar. Depois de um período de vendas de papéis, uma das últimas fatias relevantes que sobram na mão do banco é justamente a da JBS.
Momento favorável
A JBS se mantém em expansão, sob a estratégia de crescer em produtos de altíssimo valor agregado. A companhia informou no dia 7 que finalizou a aquisição do Grupo King's, líder de mercado na produção de preparo e venda de carne suína, que conta com operações na Itália e nos EUA. A operação foi concluída no dia 4 de fevereiro, pela subsidiária Rigamonti.
A venda das ações da JBS pelo BNDES faz sentido, porque, graças ao contexto atual da companhia, especialmente no exterior, seus papéis vivem um momento de alta. Em um ano, as ações da JBS já subiram mais de 30% na Bolsa. Logo, o banco de fomento está aproveitando a ocasião para "sair na alta" do investimento.
Procurado, o BNDES não comentou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.