SÃO PAULO (Reuters) - O mercado acionário brasileiro operava em queda superior a 1 por cento nesta quarta-feira, sendo pressionado pelas ações de Vale, Petrobras e bancos em pregão com baixa liquidez na volta do feriado de Natal, enquanto investidores monitoravam as articulações nos Estados Unidos para evitar paralisação parcial do governo.
Às 12:00, o Ibovespa caía 1,35 por cento, a 84.539,19 pontos. O giro financeiro somava 1,5 bilhão de reais.
Com muitos agentes do mercado ainda afastados por causa das festas de fim de ano, a bolsa paulista sucumbia à pressão de vendas generalizadas, voltando as atenções para o exterior, onde as preocupações sobre a economia mundial se intensificavam em meio ao impasse envolvendo o orçamento dos Estados Unidos.
"A semana é muito curta e os (mercados) emergentes estão um pouco com o pé atrás, com investidores mais ressabiados e atentos ao contexto como um todo", comentou o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
Outros profissionais de renda variável acrescentaram que a B3 se ajustava ao movimento de American Depositary Receipts (ADRs) de blue chips, incluindo a Petrobras, na segunda-feira, quando Wall Street sofreu fortes quedas em sessão encurtada e o mercado brasileiro permaneceu fechado.
"Foi um dia muito ruim para os mercados que trabalharam, de grande derretimento dos preços", escreveu o sócio e economista-Chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, em comentário a clientes sobre a sessão anterior ao Natal no exterior, citando as novas críticas de Donald Trump à decisão do banco central norte-americano de elevar os juros dos EUA.
No front doméstico, o noticiário político dava trégua antes da posse presidencial e participantes do mercado concentravam as atenções em comunicados no âmbito corporativo, com destaque para o retorno de Peter Estermann ao comando da varejista de móveis e eletrodomésticos Via Varejo (SA:VVAR11), cujas ações lideravam a ponta negativa do Ibovespa.
DESTAQUE
- VIA VAREJO ON perdia 4,17 por cento, tendo recuado 9,2 por cento no pior momento da sessão, após seu controlador, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), anunciar planos de concluir até o fim de 2019 a venda de sua fatia de 43,23 por cento na rede de móveis e eletroeletrônicos. O desinvestimento começará na quinta-feira com a venda de 50 milhões de ações da varejista, ou 3,86 por cento do capital. GPA PN (SA:PCAR4) também figurava entre as maiores baixas do Ibovespa, com desvalorização de 4,26 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caía 1,67 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) cedia 2,74 por cento, em ajuste ao movimento das ADRs nos Estados Unidos na segunda-feira, enquanto os preços do petróleo esboçavam uma recuperação após fortes quedas no mercado internacional.
- VALE ON (SA:VALE3) perdia 1,71 por cento, na contramão das cotações do minério de ferro na China, que avançaram em meio à de melhora na demanda de siderúrgicas antes do Ano Novo Lunar.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caía 1,57 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuava 1,35 por cento, reforçando o viés baixista do Ibovespa, dado o peso desses papéis na composição do índice. Ainda no setor bancário, BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) perdia 0,57 por cento e SANTANDER tinha baixa de 2,00 por cento.
- LOG COMMERCIAL PROPERTIES subia 3,71 por cento, recuperando-se do tombo na sexta-feira, quando estreou na bolsa paulista com queda de dois dígitos, após a então controladora MRV transferir proporcionalmente aos demais acionistas sua participação de 46,3 por cento na empresa de galpões logísticos, em operação para cisão do negócio. MRV ON (SA:MRVE3) cedia 2,08 por cento, depois de fechar com ganho de 13 por cento na última sessão.
(Por Gabriela Mello; Edição de Iuri Dantas)