SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em leve baixa nesta terça-feira, engatando o quarto pregão seguido no vermelho, com investidores adotando cautela diante da cena política local e de olho nas tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos.
O Ibovespa fechou em queda de 0,17 por cento, a 74.318 pontos, acumulando perda de 2,22 por cento em quatro pregões. O giro financeiro somou 9,46 bilhões de reais.
Após duas tentativas frustradas por falta de quórum, a leitura no plenário da Câmara dos Deputados da nova denúncia contra o presidente Michel Temer ocorreu nesta terça-feira, dando início à tramitação na Casa.
Em meio ao processo da denúncia contra o presidente, cresceram os receios de atraso nas reformas, incluindo a da Previdência, o que tem ajudado a manter a cautela nos mercados.
"O clima político meio abalado levanta dúvidas sobre o que governo vai ter que ceder a mais para conter a denúncia", disse o gerente de renda variável da corretora H.Commcor Ari Santos.
O movimento de ajuste na bolsa, contudo, tem sido limitado por cenário econômico mais positivo, com inflação baixa e tendência de queda para a taxa de juros, o que favorece a migração para investimentos para a renda variável.
Investidores seguem atentos ainda às tensões geopolíticas, embora a sessão tenha sido menos turbulenta do que na véspera, após declarações dos Estados Unidos destacando que os esforços diplomáticos para lidar com a crise provocada pelos programas nuclear e de mísseis da Coreia do Norte continuam.
"O temor de que as provocações se ampliem entre os dois líderes ainda é fator de risco para tumultuar o mercado de ações no curto prazo", escreveram mais cedo analistas da corretora Magliano, em nota a clientes.
DESTAQUES
- CEMIG PN (SA:CMIG4) caiu 2,31 por cento, ao final de uma sessão volátil na qual subiu 2,79 por cento na máxima e caiu 4,98 por cento na mínima. No radar estava a proposta de aumento de capital proposto pela elétrica mineira, com a visão positiva amparada na expectativa de que os recursos sejam usados para redução de dívida, enquanto a pressão vinha do valor proposto abaixo do último fechamento e da eventual possibilidade de a empresa usar os recursos para aquisições.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 1,77 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdeu 1,1 por cento, em linha com o movimento dos preços do petróleo no mercado internacional.
- KLABIN UNIT (SA:KLBN11) caiu 3,5 por cento, SUZANO PAPEL E CELULOSE teve baixa de 3,05 por cento e FIBRIA ON (SA:FIBR3) perdeu 2,99 por cento, com os papéis do setor de papel e celulose liderando a ponta negativa do Ibovespa, apesar da alta do dólar ante o real, que tende a favorecer as empresas exportadoras. Mesmo com as perdas da sessão, os papéis das empresas do setor seguem com ganhos acumulados no ano, com Klabin subindo 6,8 por cento, Suzano (SA:SUZB5) em alta de 28,7 por cento e Fibria avançando 25 por cento.
- ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES ON avançou 3,5 por cento e liderou a ponta positiva do Ibovespa, em movimento de ajuste após cair 5,92 por cento na véspera.
- USIMINAS PNA (SA:USIM5) avançou 1,58 por cento, após cair mais de 12 por cento na véspera. GERDAU PN (SA:GOAU4) teve alta de 1,28 por cento e CSN ON (SA:CSNA3) ganhou 0,96 por cento, também após as quedas da véspera e com algum respaldo da alta para os contratos futuros do aço na China.
- VALE ON (SA:VALE3) subiu 1,32 por cento, em movimento de recuperação após cair nos cinco pregões anteriores, acumulando perda de 9,2 por cento no período.
(Por Flavia Bohone)