Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava na manhã desta terça-feira, pressionado por preocupações com o cenário eleitoral no Brasil, além de um cenário menos favorável no exterior, com as ações de bancos e da Petrobras entre as maiores pressões de baixa.
Às 12:20, o Ibovespa caía 2,7 por cento, a 74.394,39 pontos. O volume financeiro somava 4 bilhões de reais.
Agentes financeiros reagiam à pesquisa Datafolha divulgada na véspera, que mostrou o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, na liderança, mas com elevada rejeição, enquanto quatro candidatos estão embolados na disputa pelo segundo lugar.
Na visão do estrategista Juliano Ferreira, da BGC Liquidez, a pesquisa sugere que Bolsonaro segue com grandes chances de ir para o segundo turno, embora chance maior hoje é de ele perder a disputa na segunda rodada, independente de quem for o opositor.
Por outro lado, o estrategista destacou em nota a clientes que o "momentum" dos candidatos do PDT, Ciro Gomes, e a vice pelo PT, Fernando Haddad, na pesquisa "traz desconforto" para o mercado, enquanto o tucano Geraldo Alckmin "correndo por fora não está morto, mas ainda precisa se provar mais".
Os estrategistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira ponderaram que, embora as pesquisas tenham indicado tendências consistentes, há alguns fatores-chave que podem abalar as intenções de voto daqui para frente.
Em nota a clientes, eles citam entre esses fatores o período da campanha de rádio/TV gratuita que foi ao ar apenas por uma semana; a capacidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transferir votos para Haddad; e a capacidade de Bolsonaro de manter as intenções de voto.
Investidores também aguardam o anúncio de Haddad como candidato pelo PT. Fontes afirmaram à Reuters que, apesar de todas as garantias de que iria resistir, o ex-presidente Lula autorizou o anúncio.
No exterior, persistentes preocupações com disputas comerciais envolvendo os Estados Unidos pressionavam ações de mercados emergentes. Em Wall Street, o S&P 500 operava perto da estabilidade.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) caía 3,79 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuava 4 por cento, uma vez que o setor figura entre os mais sensíveis a especulações sobre a disputa presidencial e em momentos de aversão a risco. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) tinha queda de 3,95 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) perdia 4,1 por cento, também afetada pelos receios com o panorama eleitoral, na contramão do movimento positivo dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON (SA:PETR3) caía 3,21 por cento.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) cediam 6,38 e 6,26 por cento, respectivamente, acompanhando o movimento negativo de outras companhias de controle estatal dadas as incertezas relacionadas às eleições no país.
- SMILES ON (SA:SMLS3) recuava 6,09 por cento, ainda contaminada pelas incertezas relacionadas à decisão da companhia aérea Latam de não renovar acordo operacional com Multiplus (SA:MPLU3) e anunciar oferta de aquisição de ações (OPA) para fechar o capital da empresa de programa de fidelidades.
- FIBRIA ON (SA:FIBR3) tinha elevação de 0,36 por cento e SUZANO ON (SA:SUZB3) subia 0,51 por cento, encontrando suporte na valorização do dólar sobre o real.