Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil deve ter um "choque de oferta" de gás da ordem de 50 milhões de metros cúbicos (m³) no curto prazo, disse nesta quarta-feira o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras (BVMF:PETR4), Maurício Tolmasquim, ponderando que nem todo volume deverá ser distribuído.
A maior parte dessa oferta extra será colocada no mercado pela Petrobras, mas também pela norueguesa Equinor.
A empresa europeia fez um grande anúncio de 9 bilhões de dólares esta semana para desenvolver a descoberta de gás e condensado BM-C-33 no Brasil, que tem a Petrobras como sócia.
Os investimentos totais para essa oferta adicional totalizam, segundo o executivo, algo como 11 bilhões de dólares.
A oferta de 50 milhões de m³ equivale à metade do total consumido em momentos de pico pelo país, que ocorre quando há escassez de chuvas e a demanda por geração térmica aumenta.
"Não será um acréscimo de 50 milhões de metros cúbicos líquidos, mas é sim uma oferta considerável. Então acho que a gente pode definir isso como um choque positivo de oferta com reflexo positivo sobre preço", disse Tolmasquim, em evento no Rio.
Ele lembrou que a oferta pode compensar em parte a perda no declínio de campos do litoral brasileiro, como Mexilhão, e da menor oferta de gás importado da Bolívia.
Tolmasquim detalhou que essa oferta extra de gás nos próximos anos virá do projeto chamado Rota 3, que vai escoar o gás do pré-sal por meio de gasoduto e processá-lo em terra, do projeto BM-C-33, operado pela Equinor na Bacia de Campos (16 milhões m³/ dia a partir de 2028) e de operações da Petrobras na Bacia de Sergipe.
Tais projetos estão incluídos no plano de negócios quinquenal 2023-2027 da Petrobras.
Preços mais baixos
A maior oferta de gás tem potencial para reduzir os preços da molécula no mercado interno. Este ano o gás vendido pela Petrobras já caiu 19%, principalmente em função da cotação do barril de petróleo.
"Já houve redução importante esse ano, está ocorrendo essa baixa em função também da situação internacional", frisou.
O diretor reforçou o discurso de que a política de preços da companhia na atual gestão acompanha tanto o cenário internacional quanto o nacional.
"A gente olha para o Brasil e quer ser competitivo no Brasil. Não é só mercado internacional que determina o preço, a situação interna também determina. Em um mercado competitivo, a gente pode eventualmente estar com um preço tal que nos permite ganhar mercado", destacou.
Sobre a venda de participação na TBG, do gasoduto Bolívia-Brasil, ele reiterou que o processo está parado e em análise.
Ele também voltou a afirmar que o novo plano de negócios da companhia deve ser divulgado em novembro deste ano.