Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Com uma tecnologia pioneira de beneficiamento de minério de ferro a seco, que dispensa a construção de barragens, a brasileira New Steel prevê investir 700 milhões de dólares em seus dois principais projetos, no Brasil e na América do Norte, em dois anos e meio, enquanto mira novos contratos globais.
A empresa, que surgiu em 2007, obteve patentes em 20 países, incluindo o Brasil, com o seu método de beneficiamento, e está bem posicionada para lidar com um mercado que cada vez mais teme a construção de novas barragens de mineração, afirmou à Reuters o presidente da New Steel, Gustavo Emina.
O método da companhia, que pode transformar minérios de baixa qualidade em produtos com alto valor agregado, também funciona para processar rejeitos da exploração mineral com baixo teor de ferro e sem valor comercial e transformá-los em um produto economicamente viável, com altos índices de ferro e baixos contaminantes.
"A mineração sempre foi uma atividade não muito amiga do meio ambiente... Nosso objetivo é muito mais recuperar passivo ambiental", disse Emina, em uma entrevista por telefone.
Segundo o executivo, o resíduo do beneficiamento da New Steel, controlada pela Lorentzen Empreendimentos, é apenas uma areia com menos de 5 por cento de ferro, que pode ser utilizada para outros fins, como no mercado de construção civil.
Atualmente, o principal modelo de negócio da New Steel consiste na instalação e operação de plantas industriais de processamento de minérios, em áreas da empresa ou de terceiros, compartilhando os resultados obtidos.
Em seu projeto em estágio mais avançado até o momento, a New Steel vai operar uma planta piloto de beneficiamento dos rejeitos da mina de Fábrica, da mineradora brasileira Vale (SA:VALE3), em Ouro Preto, Minas Gerais.
A New Steel obteve no fim do ano passado uma licença de instalação para a atividade, e a previsão é de que o projeto entre em operação no primeiro trimestre de 2020, com capacidade anual de produção de aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de minério de ferro, por 10 anos, segundo o documento de licenciamento.
Por motivos contratuais, Emina evitou dar mais detalhes sobre o contrato com a Vale, maior produtora global de minério de ferro.
Já um segundo projeto da empresa, na América do Norte, deverá ser anunciado nas próximas semanas. Emina disse que o negócio envolve uma das maiores siderúrgicas dos Estados Unidos e adiantou apenas que o escopo será ainda maior do que o empreendimento brasileiro, envolvendo beneficiamento e pelotização.
NOVOS CONTRATOS
A New Steel também está em tratativas avançadas para eliminar passivos ambientais de grandes mineradoras no quadrilátero ferrífero, região no centro-sul de Minas Gerais, contribuindo para o desenvolvimento da indústria de mineração, disse Emina à Reuters, sem entrar em detalhes.
"Hoje licenciar novas barragens é um problema, altear também é um problema, então, se a gente conseguir recuperar essas barragens, a gente aumenta a vida útil da mina", disse.
Mas o foco da empresa não está só no Brasil. Nesta semana, a companhia alterou a sua sede para a Holanda, em busca de sua internacionalização. Nos próximos cinco anos, Emina afirmou que a empresa poderá abrir capital no exterior.
Em meio a essa estratégia, a empresa também avalia outros contratos fora do Brasil.
Segundo o executivo, levou algum tempo para que a New Steel ganhasse a confiança de grandes empresas: "O mercado (de mineração) é muito resistente a mudanças, demorou alguns anos para convencer as grandes mineradores que o processo era extremamente eficiente e competitivo", afirmou.
Os testes com a nova tecnologia começaram a ser realizados em 2010, com a operação da primeira planta experimental de beneficiamento a seco da New Steel, em Minas Gerais.
Desde então, a empresa não parou de buscar aprimoramentos tecnológicos.
Em outra frente, a empresa vai investir 20 milhões de reais para a ampliação de seu Centro Tecnológico de Soluções Sustentáveis (CTSS), destinado ao desenvolvimento científico e tecnológico de produtos e serviços sustentáveis nas áreas mineral, metalúrgica, mecânica e de resíduos sólidos.
Segundo Emina, o CTSS, localizado no polo industrial de Xerém, no município de Duque de Caxias (RJ), tem atualmente 10 mil metros quadrados e irá agregar outros 15 mil.
A expansão também permitirá elevar a capacidade de produção de determinados equipamentos que são desenvolvidos no local.
(Por Marta Nogueira)