Dois meses depois de fazer sua segunda capitalização na Bolsa de Valores em menos de um ano, quando colocou mais R$ 2,5 bilhões no caixa, o BTG Pactual (SA:BPAC11) mostrou que seguirá dando tração na trajetória de expansão de sua unidade de varejo digital.
Com a compra da fintech de consolidação de investimentos Kinvo, sexta aquisição para reforço de sua plataforma, o banco prevê até mais duas compras para deixar a estrutura mais adequada para capturar o crescimento desse mercado, que vem avançando a passos largos com os juros baixos no País, o que deve seguir mesmo com a alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta, 17.
Pela Kinvo, que possui mais de 700 mil usuários, com R$ 120 bilhões em investimentos cadastrados, o BTG desembolsou R$ 72 milhões. "Essa aquisição está muito alinhada com o que tem sido o nosso foco de expandir nossas operações de varejo digital, ter escala, ganho de eficiência e produtividade", diz o sócio do BTG responsável pela plataforma digital de investimentos, Marcelo Flora.
Segundo o executivo, depois de uma série de aquisições que ajudaram a fortalecer a plataforma digital e cerca de R$ 1 bilhão investidos em tecnologia desde 2014, quando o projeto começou a ser desenhado, com "mais uma ou duas aquisições" a plataforma estará com a estrutura que o banco considera ideal. Existe uma potencial aquisição na mesa, conta Flora, que está sendo analisada desde 2018.
O tempo gasto para cada transação sair do papel é um cuidado para fechar negócios a preços certos. Ele diz que outras compras virão, mas que o banco não vai entrar no "oba-oba" e não fará nenhuma aquisição de ativos a preços "exorbitantes".
Flora conta que o BTG estava em busca de um consolidador de investimento, que é uma plataforma capaz de unir toda a vida de investimentos dos clientes, desde 2018. Com a Kinvo, as conversas tiveram início no início do ano passado. "Avaliamos todas as consolidadoras e tínhamos uma barreira, porque não queríamos comprar uma fatia minoritária. E, depois que decidimos não criar uma consolidadora do zero, resolvemos comprar a maior", afirma.
Além de atrair escritórios de agentes autônomos, de nomes grandes antes plugados à XP, com aquisição minoritária no EQI e a Lifetime, o BTG comprou no ano passado, por R$ 348 milhões, a corretora Necton, que nasceu de uma união entre as empresas da velha-guarda do mercado, Concórdia e Spinelli. Antes, colocou para dentro a corretora Ourinvest. A primeira ida ao mercado para fortalecer o segmento de varejo foi a compra da Network Partners, em 2018, uma empresa formada por ex-sócios da XP e especializada no relacionamento com agentes autônomos.
Mesmo que a competição entre as plataformas de investimentos tenha se acirrado, Marcelo Flora aponta que o foco nesse ambiente competitivo são os grandes bancos, que seguem concentrando quase 90% do dinheiro dos investidores no Brasil. "O que migrou de investimentos dos grandes bancos para as plataformas foi muito pouco", diz.
"A aquisição faz parte de um movimento que o BTG tem feito nos últimos anos de crescimento de sua operação de gestão de fortunas, por meio de aquisições de instituições e fintechs que aumentem seus ativos sob gestão ou que agreguem produtos e serviços para a sua base de clientes", comenta o analista da Ativa Investimentos, Leo Monteiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.