SÃO PAULO (Reuters) - O C6 Bank registrou lucro líquido de 969 milhões de reais no primeiro semestre do ano, revertendo prejuízo de 285 milhões de reais no mesmo período de 2023, em desempenho marcado por aumento de receitas e queda de provisão para devedores duvidosos.
Apenas no segundo trimestre, o lucro do banco brasileiro que tem como sócio o JPMorgan (NYSE:JPM) Chase somou 508 milhões de reais, alta de 10% em relação aos primeiros três meses do ano, quando obteve o seu primeiro resultado positivo trimestral (de 461 milhões de reais) desde que foi criado há cinco anos.
"É um resultado muito importante", afirmou à Reuters o CFO do banco, Philippe Katz. "Temos uma alavancagem operacional muito alta e estamos prontos para continuar crescendo e mostrando resultado dessa maneira", acrescentou.
A receita liquida do C6 cresceu 57,4% no primeiro semestre ano a ano, para 4,1 bilhões de reais, com o banco atribuindo a performance ao aumento e diversificação da carteira de crédito, além do incremento das receitas com serviços. As despesas operacionais recuaram 4%, para 1,6 bilhão de reais.
A carteira de crédito somou 48 bilhões de reais, alta de 24,9%, puxada pelas carteiras de crédito com garantia, como consignado e financiamento de veículos. Em junho, o consignado respondia por 48% da carteira, seguido por financiamento de veículos (23%) e créditos a pessoas físicas (20%).
Katz afirmou que a expectativa é que a carteira de crédito continue crescendo, com o banco terminando o ano com um portfólio em torno de 60 bilhões de reais.
O C6 também espera continuar ampliando sua presença entre pessoas jurídicas, que respondem hoje por 8% da carteira de crédito. Atualmente, são 1,5 milhão de contas nesse segmento e a expectativa é chegar ao fim do ano com cerca de 2 milhões de contas -- um acréscimo de 700 mil em 2024.
De acordo com o executivo, atualmente, o banco já abre mais contas para pequenas e médias empresas (PMEs) do que para microeemprendedores individuais (MEIs).
A taxa de inadimplência acima de 90 dias na carteira total do C6 ficou em 3,1% de 4,3% um ano antes, enquanto a despesa de provisão de devedores duvidosos caiu 13,9% frente ao primeiro semestre de 2023, para 1,05 bilhão de reais. O indicador de custo de crédito/carteira de crédito passou de 0,6% para 0,4%.
Na visão do CFO, em termos de cenário para a inadimplência, o pior parece ter ficado para trás. No caso do C6, especificamente, ele avalia que a taxa acima de 90 dias deve oscilar em torno de 3%.
O banco também teve um aumento de 54% no total de captações no primeiro semestre ano a ano, para 57,1 bilhões de reais, com os depósitos à vista crescendo 45% e os depósitos a prazo apurando alta de 56%.
O índice de eficiência do C6 atingiu 55% no primeiro semestre de 2024, queda de 35 pontos percentuais frente ao mesmo intervalo de 2023. Excluindo o efeito das comissões pagas na originação de crédito, seria de 39%, recuo de 25 pontos. Quanto menor esse índice, melhor.
O índice de Basileia do C6 Bank era de 12,9% em junho, de 12,5% um ano antes.
No final do primeiro semestre, o banco, que atua em oito áreas de negócio -- pessoa física, pessoa jurídica, atacado, câmbio, veículos, home equity, consignado e corretora --, tinha cerca de 30 milhões de clientes.
O JPMorgan entrou como sócio do C6 em 2021, quando comprou uma participação de 40%, que aumentou para 46% há cerca de um ano.
(Por Paula Arend Laier)