Com o S&P 500 em nova máxima histórica intradia durante a fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, o Ibovespa retomou a linha de 121 mil pontos nesta tarde, enquanto o dólar à vista acentuava correção e chegava a R$ 5,3571 na mínima da sessão. Powell reiterou "apoio poderoso" à economia até que o nível de atividade nos Estados Unidos se recupere, o que mais uma vez impulsionou o apetite dos investidores por risco. O Fed indicou que aumentará a carteira de Treasuries em pelo menos US$ 80 bilhões mensalmente, além de adquirir mais ativos lastreados em hipotecas - em ao menos US$ 40 bilhões por mês.
Assim, com S&P 500 e Nasdaq oscilando para o positivo com Powell, o Ibovespa foi a 121.275,86 pontos na máxima do dia, testando o nível pela terceira sessão consecutiva, mas desta vez conseguindo sustentá-lo no fechamento pela primeira vez desde 16 de abril - foi a segunda vez desde 18 de janeiro que o índice da B3 (SA:B3SA3) conseguiu fechar na casa dos 121 mil, saindo nesta quarta de mínima a 119.391,70 pontos, na abertura. Nesta quarta, fechou em alta de 1,39%, aos 121.052,52 pontos, com giro financeiro a R$ 34,3 bilhões. Na semana, passa a avançar 0,43% e, no mês, 3,79% - em 2021, o Ibovespa acumula agora ganho de 1,71%.
"O mercado estava de olho na diretriz do Fed, em particular a visão do Powell sobre inflação e emprego, com sinal de que vai esperar a inflação aparecer para só então agir, deixando até lá o juro neutro. Na margem, temos visto um ambiente melhor também no Brasil, se conseguirmos separar o ruído do sinal. À medida que a vacinação avança, diminui a chance de um terceiro lockdown. E o dólar mais fraco tem refletido alguma recuperação do interesse do estrangeiro, especialmente por Bolsa. Após um primeiro trimestre difícil, quem teve paciência para esperar, começa a colher o resultado", diz Arthur Constancio, especialista de produtos e alocação na BlueTrade.
De acordo com os dados mais recentes, referentes até o dia 26 de abril, o estrangeiro manteve fluxo positivo para a B3 na série de quatro sessões até a data acima. No mês, o saldo chega a R$ 6,972 bilhões, elevando o fluxo estrangeiro para a Bolsa a R$ 19,131 bilhões no ano.
Constancio chama atenção também para os resultados até aqui do primeiro trimestre, em especial da Vale (SA:VALE3) (ON +1,63%), "com geração de caixa colossal", favorecida não só pelo preço do minério mas também pelo dólar, desempenho positivo que deve se estender não apenas a empresas com exposição a exportações, mas também a voltadas à economia doméstica, como as de consumo não discricionário - como Pão de Açúcar (SA:PCAR3), Carrefour (SA:CRFB3) - e ao comércio eletrônico. "Os resultados tendem a concentrar a atenção do mercado nas próximas três ou quatro semanas", acrescenta.
Nesta quarta-feira, destaque para a abertura da temporada de balanços de bancos, com os números do Santander (SA:SANB11), que colocaram a Unit da instituição na ponta do Ibovespa, em alta de 8,06% no fechamento, à frente de Cemig (SA:CMIG4) (+5,85%) e de Bradesco (SA:BBDC4) PN (+4,97%). Recebidos como 'proxy' para o setor, os números do Santander ajudaram não apenas as ações do Bradesco (ON +4,78%) como também as do Itaú (SA:ITUB4) (PN +4,33%) e, em menor grau, Banco do Brasil (SA:BBAS3) (ON +1,78%), com o desempenho positivo do segmento de maior peso na composição do índice ajudando o Ibovespa a romper a marca dos 121 mil pontos na sessão, assim como o de Petrobras (SA:PETR4) (PN +3,64%, ON +3,56% no fechamento).
Além do forte desempenho de Santander, novo alento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com geração de vagas acima da mediana de expectativas para março, contribuiu para melhorar o humor desde a manhã desta quarta-feira, levando o Ibovespa a reverter a perda de 1% do dia anterior, quando havia se movido em linha com os últimos ruídos políticos e econômicos de Brasília.
"O dia de hoje foi mais otimista, o que se refletiu no câmbio desde a manhã, positivo para os emergentes em geral, com destaque para o real. Os ruídos de ontem de Brasília levaram o mercado a precificá-los, mas hoje veio alívio, inclusive com a visão de que trocas no Ministério da Economia, mesmo para estreitar relacionamento com o Centrão, podem ajudar a avançar a pauta reformista", diz João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.