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Com pressão nos juros dos EUA, Ibovespa cai 0,54%, a 115,9 mil pontos

Publicado 17.10.2023, 14:55
© Reuters.  Com pressão nos juros dos EUA, Ibovespa cai 0,54%, a 115,9 mil pontos

Vindo de leve ganho de 0,67% na abertura da semana, o Ibovespa se reaproximou nesta terça-feira, 17, do limiar de 117 mil pontos durante a sessão, mas não encontrou fôlego para se descolar do sinal negativo de Nova York à tarde, em meio à retomada de pressão sobre os rendimentos dos Treasuries após nova rodada de dados sobre a economia norte-americana mais fortes do que o esperado, divulgados ainda pela manhã, e com o imbróglio político em Washington, ante a persistência de impasse sobre quem presidirá a Câmara de Representantes.

Assim, o índice da B3 (BVMF:B3SA3) encerrou o dia em baixa de 0,54%, aos 115.908,43 pontos, tendo chegado no melhor momento aos 116.916,68 pontos, então em leve alta de 0,33%, com mínima a 115.563,93 e abertura aos 116.526,43 pontos na sessão. O giro desta terça-feira subiu um pouco, para R$ 21,2 bilhões. No mês, o Ibovespa ainda cai 0,56%, mas sobe 0,13% na semana. No ano, avança 5,63%.

"Os dados americanos mais fortes - hoje, sobre a produção industrial e as vendas do varejo - reforçam a perspectiva de juros americanos altos por mais tempo, o que suga dinheiro do resto do mundo, puxando o dólar e resultando também em queda da Bolsa, que subia mais cedo", diz Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos.

Nesse contexto, a percepção de que a política monetária na maior economia do mundo tende a permanecer em nível restritivo por longo tempo se combina, agora, a uma segunda frente de incerteza sobre a geopolítica: a guerra no Oriente Médio contra o Hamas, um front que se abre cerca de um ano e oito meses após outro conflito ainda sem solução, entre Rússia e Ucrânia, com efeitos em ambos os casos para os preços de commodities, principalmente as de energia.

"Tivemos semanas bem conturbadas por conta do estresse nos yields dos Treasuries, especialmente nos vencimentos mais longos, o que se refletiu na curva doméstica. Depois, os rendimentos por lá cederam um pouco, o que ajuda aqui também, inclusive a Bolsa. A guerra tem um impacto direto caso venha uma escalada no conflito, com consequências especialmente para commodities como o petróleo, que vai ser uma 'proxy' importante para o que está acontecendo na geopolítica", diz Lucca Ramos, sócio da One Investimentos.

"Hoje os dados do varejo americano vieram um pouco acima do esperado para setembro, e as curvas de juros, tanto a ponta curta como a longa, viraram para cima na sessão, após esses dados", observa Alan Soares, analista da Toro Investimentos. "Nessa mesma pegada, de virada, o dólar futuro subia ainda pela manhã", acrescenta o analista, referindo-se a movimento que chegou a prevalecer também em certos momentos do meio para o fim da tarde, com a moeda à vista, negociada a R$ 5,01 na mínima do dia, ficando pouco abaixo da estabilidade (-0,04%) no fechamento, a R$ 5,0353 - na máxima, atingiu R$ 5,0658 nesta terça-feira.

"Antes da abertura, o dia era de expectativa positiva para a Bolsa, com a Petrobras (BVMF:PETR4) trazendo resultados de produção recorde para petróleo e gás, em momento no qual a commodity tem buscado permanecer perto da marca de US$ 90 por barril", diz Soares.

"A petrolífera informou ontem que produziu 3,98 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia durante o terceiro trimestre de 2023 - um aumento de 7,8% em relação aos três meses anteriores, o que animou os investidores", observa Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos.

Dessa forma, mesmo com o petróleo em viés de baixa na maior parte desta terça-feira - mas em alta no fechamento em Londres e Nova York -, Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN tiveram desempenho positivo, com ganho respectivamente de 2,27% e 2,70%, em máxima do dia para a preferencial no encerramento. Ainda assim, o avanço da petrolífera foi insuficiente para carregar o Ibovespa a ganhos na sessão, favorável também para Vale (BVMF:VALE3) (ON +0,82%). O dia, contudo, foi negativo para a maioria das ações de peso e liquidez na B3, entre as quais os bancos, com Santander (BVMF:SANB11) (Unit -2,30%) à frente.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, além das ações de Petrobras, destaque também para Gol (BVMF:GOLL4) (+4,28%), 3R Petroleum (BVMF:RRRP3) (+2,11%) e Vamos (+1,05%). No lado oposto, Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (-5,59%), Cielo (BVMF:CIEL3) (-4,32%), Carrefour (BVMF:CRFB3) (-4,21%) e Yduqs (BVMF:YDUQ3) (-4,15%).

"A Bolsa se mostrou errática ao longo do dia, chegando a mostrar alguma melhora no início da tarde, com Nova York, quando o mercado se animava um pouco com a possibilidade de não se mexer mais nos juros dos Estados Unidos este ano. Só não foi pior porque Petrobras e Vale ficaram no campo positivo, enquanto varejo e bancos aceleraram queda mais para o final da sessão", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos. O índice de consumo (ICON) fechou em baixa de 1,53% nesta terça-feira.

No noticiário de Washington, o deputado republicano Jim Jordan não conseguiu obter votos suficientes para ser eleito presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos na primeira votação, no período da tarde, depois que mais republicanos do que o esperado se juntaram aos democratas na recusa de apoiá-lo, preparando a Câmara para outra rodada de votação e novas incertezas sobre o caminho a seguir. Nenhum candidato obteve maioria dentre os 435 deputados. Jordan obteve 200 votos.

No Oriente Médio, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, cancelou participação na reunião com o presidente americano, Joe Biden, e com outros líderes do Oriente Médio, disse um oficial palestino de alto escalão sob condição de anonimato, conforme relato da agência Associated Press. O encontro estava agendado para esta quarta-feira. Abbas decidiu não comparecer em protesto contra suposto ataque aéreo israelense a um hospital em Gaza que, segundo autoridades de saúde do Hamas, matou mais de 500 pessoas.

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