Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Companhia Paranaense de Gás (Compagas) recebeu 22 ofertas de suprimento de biometano ao realizar sua primeira chamada pública com esse objetivo, somando volume que poderá superar 380 mil metros cúbicos por dia (m³/dia) do gás renovável, conforme informações antecipadas pela empresa nesta quarta-feira à Reuters.
No total, 12 supridores participaram do processo que visa suprir o Estado do Paraná, por meio de rede de distribuição já disponível, ou a partir de transporte terrestre, via carretas, na forma comprimida (GNC) ou liquefeita (GNL).
O biometano é um combustível renovável que serve como substituto do gás natural, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha. Ele é obtido pelo refinamento e processamento do biogás que, por sua vez, provém da decomposição de rejeitos orgânicos do agronegócio, da indústria de alimentos e do setor de saneamento.
"A estratégia da Compagas está no desenvolvimento de um mercado sustentável e eficiente, com energia renovável, para expandir a sua atuação e atender consumidores em outras regiões do Estado", disse em nota o CEO da Companhia, Rafael Lamastra Jr.
"O número de supridores participantes e o volume recebido nas propostas reflete a intensidade da pauta em ampliar a participação dos combustíveis renováveis em nossa matriz energética e confirma o potencial do Paraná para a produção de energia limpa."
Segundo a empresa, além de emitir menos dióxido de carbono (CO2), o biometano reduz em 85% a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e materiais particulados na comparação com o gás fóssil, colaborando com menor poluição.
No setor de transportes, a empresa destacou que as emissões de CO2 chegam a ser 90% menores quando comparado ao diesel.
"O biometano é o nosso gás natural renovável e é o caminho para fomentar uma economia em carbono neutro, com uma contribuição efetiva para a redução de emissões na atmosfera, e para atender ao anseio por combustíveis mais limpos", disse Lamastra.
Nas propostas recebidas, a Compagas disse que a produção do biometano poderá vir desde usinas de açúcar e etanol e atividades como suinocultura, bovinocultura e avicultura, assim como de aterros sanitários.
O prazo de recebimento das ofertas, que teve início no ano passado, terminou em 31 de janeiro. A empresa atua agora na análise e seleção das propostas, com o objetivo de encontrar as melhores condições de fornecimento e viabilizar a aquisição do biometano com os primeiros contratos para inserir esse combustível em seu portifólio.
Em nota, a empresa destacou que a chamada pública marca o início de uma série de ações da empresa com foco em sustentabilidade e compromisso com o meio ambiente.
"O movimento incentiva as soluções sustentáveis e o biometano é o caminho para alcançarmos uma geração contínua e descentralizada de energia limpa, que permite a expansão da área de cobertura do gás canalizado para o interior para atendimento de indústrias, cooperativas e para a frota veicular, inclusive de transportes pesados, como caminhões e ônibus", frisou Lamastra.
A distribuidora Compagas está presente em 16 municípios do Paraná e tem entre os seus acionistas a elétrica estatal Copel (BVMF:CPLE6), com 51% das ações; a Mitsui Gás e Energia do Brasil (BVMF:ENBR3), com 24,5%; e a Commit Gás, com 24,5%.
A produção nacional de biometano, atualmente, está em aproximadamente 400 mil m³/dia e deve chegar a 30 milhões de metros cúbicos/dia até 2030, segundo dados da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), citados pela Compagas.
No Paraná, cerca de 70% do território é propício para o desenvolvimento da produção de biogás e biometano e isso significa uma produção potencial de mais de 2 milhões de m³/dia, ressaltou a Compagas.
(Por Marta Nogueira)