RIO DE JANEIRO (Reuters) - O consumo brasileiro de etanol hidratado nos postos deverá subir 5,4% neste ano, considerando o retorno da cobrança de impostos federais a partir do fim deste mês, o que deverá restabelecer vantagem competitiva do biocombustível ante a gasolina, apontou a StoneX nesta quinta-feira.
Em relatório, a consultoria previu consumo de 16,4 bilhões de litros de etanol em 2023, ante 15,5 bilhões de litros no ano anterior. Já a gasolina, sua concorrente direta nas bombas, deverá ter consumo igual ao do ano passado, de 43 bilhões de litros, afirmou.
O governo manteve zeradas as taxas de PIS/Cofins de ambos os combustíveis nos dois primeiros meses deste ano, ampliando uma medida que havia sido tomada pelo governo anterior, em meados do ano passado, para ajudar conter a inflação. Isso favoreceu a gasolina, uma vez que o etanol tinha uma vantagem tributária antes da desoneração.
"A aguardada volta das alíquotas em março/23 deve dar ainda maior favorecimento ao consumo do hidratado, uma vez que a carga tributária tende a ser maior para a gasolina", afirmou a StoneX no relatório.
A consultoria ponderou, no entanto, que o consumo de etanol deverá permanecer enfraquecido nos dois primeiros meses do ano, devido à isenção dos impostos, limitando um crescimento mais expressivo do biocombustível em 2023.
O crescimento do consumo de etanol também deve ser influenciado pelo andamento da safra de cana-de-açúcar 2023/24, que tende a ter uma melhor produtividade e consequentemente apresentar uma maior oferta do biocombustível, favorecendo assim uma queda nos preços e uma melhor competitividade para o hidratado no comparativo com a gasolina, disse a consultoria.
Diante desse quadro, o consumo do etanol deverá impulsionar o consumo do ciclo Otto (etanol e gasolina), que deverá crescer 1,1% em 2023 ante o ano passado, para 54,5 bilhões de litros, segundo o levantamento.
(Por Marta Nogueira)