RIO DE JANEIRO (Reuters) - Entidades da construção civil preveem pressão maior nos empregos do setor após o corte de despesas de 69,9 bilhões de reais no Orçamento de 2015, que afetou o programa habitacional Minha Casa Minha Vida e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Com isso, o orçamento do PAC saiu de 64,9 bilhões para cerca de 39,3 bilhões de reais, enquanto o Minha Casa, que faz parte do PAC, teve os recursos neste ano diminuídos para cerca de 13 bilhões de reais, ante 18,6 bilhões reais.
"Reconhecemos a necessidade do ajuste, mas nos preocupa a forma como está sendo implementado, baseado muito mais no investimento", disse em nota o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins.
Segundo a CBIC, a redução do PAC em 25,7 bilhões de reais resultará em queda ainda maior no nível de emprego.
No caso do programa habitacional, que emprega 400 mil pessoas, a entidade estima atrasos na entrega, desemprego e dificuldade para as empresas se manterem em atividade.
De outubro a março, foram extintas mais de 268 mil postos de trabalho no setor habitacional, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Entre as principais razões para a queda estão a estagnação da economia e os atrasos de pagamentos do setor público nos três níveis de governo, disse a CBIC.
O vice-presidente de economia do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Eduardo Zaidan, disse que a Faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, destinado a famílias com renda de até 1.600 reais, e que recebe subsídios federais, deve afetada.
"É evidente que a gente vai ver uma redução no ritmo de investimentos no Minha Casa Minha Vida, mesmo porque a faixa 1 tem subsídios diretos, isso vai ter impacto sim", afirmou, dizendo que ainda é cedo para dimensionar o tamanho do impacto.
(Por Juliana Schincariol)