Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo brasileiro de energia Cosan Ltd (SA:CZLT33) está participando por meio da Raízen de um processo organizado pela Petrobras (SA:PETR4) para desinvestimento em ativos de refino no Brasil, disseram executivos da companhia nesta terça-feira.
O diretor financeiro da Cosan (SA:CSAN3), Marcelo Martins, afirmou em teleconferência com analistas e investidores que a Raízen ainda está avaliando a possibilidade de comprar uma refinaria da Petrobras.
Ele ressaltou, no entanto, que uma eventual concretização do interesse por ativos de refino exigiria retornos elevados devido ao risco envolvido no negócio.
A Reuters noticiou na semana passada que a Raízen está em um grupo de investidores selecionados pela Petrobras para a segunda fase do processo de venda de quatro refinarias.
No total, a petroleira estatal planeja vender oito refinarias no Brasil, incluindo a recém-construída unidade de Abreu e Lima, à medida que deseja voltar seu foco para a exploração de petróleo.
Atualmente, a Petrobras possui um quase monopólio de refino no Brasil, o que faz com que o plano abra uma nova área para o investimento privado.
Martins disse que o fato de a Raízen, joint venture da Cosan em parceria com a Shell, controlar uma grande rede de distribuição de combustíveis no Brasil é um fator-chave por trás de seu interesse pelas refinarias.
"Nós não buscaríamos isso se não tivéssemos a distribuição", disse.
A Raízen opera o segundo maior negócio de distribuição de combustíveis do Brasil, atrás apenas da BR Distribuidora (SA:BRDT3), contando com uma cadeia de postos de bandeira Shell em todo o país.
Entre os aspectos avaliados para uma possível movimentação no ramo de refinarias, Martins mencionou o preço do ativo, o potencial para redução de custos uma vez que a unidade for assumida e o tamanho do retorno do investimento, que "deve ser suficientemente grande para talvez compensar o grande risco desse tipo de investimento".
O presidente-executivo da Cosan, Marcos Lutz, disse que o panorama finalmente parece mais positivo para o mercado de combustíveis no Brasil, após três anos de contração.
"O mercado de combustíveis está reagindo. Vimos crescimento sustentável nas vendas nos últimos dois meses, vemos crescimento orgânico para o próximo ano", afirmou.
Maiores vendas de combustíveis podem impulsionar as margens, que têm sido ajustadas devido à recente contração, acrescentou Lutz.