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Credit Suisse ressalta solidez a clientes no Brasil, vai captar até US$54 bi com BC suíço

Publicado 16.03.2023, 07:50
© Reuters.
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Credit Suisse (SIX:CSGN) buscou acalmar clientes no Brasil na quarta-feira, quando suas ações desabaram na Europa, ressaltando que a estrutura de capital do banco continua sólida e procurando afastar comparações com norte-americano SVB, fechado por reguladores norte-americanos na semana passada.

Em uma apresentação de PowerPoint em português, o segundo maior banco suíço citou indicadores globais da instituição, como os 7,5 trilhões de reais em ativos sob gestão, sendo 3,1 bilhões de reais em private assets sob gestão no final do ano passado.

O banco também afirmou que a sua estrutura de capital segue resiliente e comparou métricas como o índice de capital principal Tier 1 (CET1) e o índice de liquidez de curto prazo (liquidity coverage ratio) com a capitalização dos principais pares em vários países.

"A posição de balanço está ainda mais sólida", ressaltou a instituição na apresentação.

Procurado pela Reuters, o Credit Suisse no Brasil afirmou não ter nenhum comentário sobre o assunto.

Presente no Brasil desde 1959, o Credit Suisse atua principalmente nas áreas de private banking & wealth management e gestão de recursos, realizando ainda operações de crédito, emissão de ações e títulos, abertura de capital (IPO), fusões e aquisições de empresas (M&A), corretagem e tesouraria.

A sua carteira inclui clientes de alta renda, vários oriundos do Banco Garantia (comprado em 1998) e da Hedging-Griffo (comprada em 2007, com a aquisição concluída em 2012).

Na quarta-feira, as ações do banco afundaram 24% na Europa, mas nesta quinta-feira, após o anúncio de que o Credit Suisse vai pegar empréstimo de até 54 bilhões de dólares junto ao Banco Central da Suíça, os papéis disparavam 23%. Uma operação como esta não ocorria com um banco global desde a crise financeira internacional em 2008.

A preocupação em torno do Credit Suisse cresceu depois que seu maior acionista, o Saudi National Bank, declarou que não poderia fornecer mais ajuda financeira ao banco citando questões regulatórias. Em 2008, os papéis valiam cerca de 80 francos suíços e nesta quinta-feira eram cotados a 2 francos.

CRISE AMPLA?

O noticiário envolvendo o Credit Suisse, que está lutando para se recuperar de uma série de escândalos nos últimos anos, reacendeu temores de uma ameaça mais ampla ao sistema financeiro, principalmente após a quebra de três bancos nos Estados Unidos nos últimos dias, entre eles o SVB.

Em declaração conjunta com o regulador suíço Finma, o BC suíço afirmou que o Credit Suisse era sólido e que "atende às exigências de capital e liquidez impostas aos bancos sistemicamente importantes".

"Saudamos a declaração de apoio", disse o Credit Suisse sobre a decisão do BC suíço e da Finma.

Analistas do JP Morgan disseram que o apoio das autoridades suíças darão tempo ao banco para realizar sua reestruturação.

"A combinação de medidas deve ser suficiente para conter os movimentos negativos na estrutura de capital, já que o mercado precificou o impacto potencial das pressões de liquidez", disse o JP Morgan em nota nesta quinta-feira.

SVB

Na apresentação enviada aos clientes no Brasil na quarta-feira, Credit Suisse também afirmou que o que aconteceu com o Silicon Valley Bank não é comparável com o banco, ressaltando que a instituição norte-americana enfrentava problemas de gestão do seu passivo.

"Além disso, vale destacar que bancos com ativos menores do que 250 bilhões de dólares possuem uma regulamentação mais branda nos EUA", afirmou.

O Silicon Valley Bank foi fechado na última sexta-feira por reguladores nos EUA, em meio a um forte declínio nos depósitos de startups na instituição, na esteira de uma seca de financiamento de capital de risco em meio ao ambiente de alta dos juros norte-americanos. O colapso do banco desencadeou uma resposta coordenada de autoridades para conter os efeitos no sistema.

O Credit Suisse também citou que os depósitos no SVB cresceram mais rápido do que a demanda por recursos e o banco alocou a sobra do caixa em bonds, mas a proporção da alocação em títulos com prazo mais longo (held-to-maturity) se mostrou alta.

"Conforme o Fed subia os juros esses títulos perdiam valor, mas essas perdas não precisavam transitar pelo resultado...até que o SVB tentou levantar mais capital e o mercado percebeu que o banco praticamente não tinha mais CET1 ratio…", acrescentou.

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