Investing.com – A perspectiva é de que os ativos brasileiros apresentem uma recuperação até o final do ano, com mercado de lado até que ocorram ajustes nas expectativas de juros, ainda que os investidores estejam mais preocupados com o risco fiscal brasileiro, o que poderia levar a uma crise e impactar ativos, segundo o banco Santander (BVMF:SANB11). No entanto, caso o cenário base de recuperação não seja concretizado e o problema orçamentário se torne efetivamente uma crise fiscal, setores defensivos tendem a ser beneficiados, como serviços públicos e bens de consumo, além do setor financeiro, de acordo com relatório do banco divulgado nesta segunda-feira, 30 de setembro.
“O setor financeiro também poderá se beneficiar de taxas de juros mais elevadas, enquanto os setores indexados ao dólar, como o industrial, poderão registar um melhor desempenho em tempos difíceis. Nestes cenários, os ativos de baixa volatilidade e de alta qualidade que geram fluxos de caixa previsíveis tendem a ser as oportunidades de investimento mais atraentes”, entende o Santander.
Comparação com crise de 2014-16 - situação pode se repetir?
Com menor credibilidade da política fiscal e monetária, o momento lembra crises passadas, ainda que o ambiente possua diferenças significativas, como os dados mais favoráveis para o setor externo. Os analistas Aline de Souza Cardoso, Luane Fontes e Guilherme Bellizzi Motta apontam maior preocupação com o equilíbrio fiscal brasileiro diante de pressões nas despesas, o que motivou um estudo específico para caso este cenário, de fato, aconteça.
“O recente alinhamento das taxas de juros de curto e longo prazo, bem como dos rendimentos das NTN-B, com aqueles observados durante a crise fiscal de 2013, é desconcertante. Dadas as reformas implementadas desde então, desafia a lógica que a situação chegue a um ponto de ruptura semelhante”, alertam.
A análise buscou comparar o momento atual com o desequilíbrio fiscal registrado entre os anos de 2014 e 2016, período marcado por inflação elevada, com preços administrados como energia e combustível em níveis artificialmente baixos, após intervenção do governo.
“Em 2014, desequilíbrios fiscais e monetários, pressão inflacionária e crise de confiança, aliados à piora do cenário externo, com a desaceleração do crescimento chinês e a queda nos preços das commodities, levaram o Brasil a enfrentar uma grave crise econômica. Entre 2014 e 2016, o país registou uma queda média de 2,1% do PIB e um forte aumento do desemprego”, recordam os analistas do Santander.
A piora macro levou a venda de ativos domésticos, principalmente os com maior correlação com a atividade econômica, além daqueles com alavancagem elevada. Ainda que considere que o momento atual seja diferente da crise registrada no governo da então presidente Dilma Rousseff (PT), incluindo em pontos como como os preços das matérias-primas, cenário global mais positivo e maior produtividade no agro, o banco entende que “os períodos de crise macroeconômica favorecem um desempenho relativamente superior dos setores defensivos, como bancos, serviços públicos e outros ativos de baixa volatilidade, que geram fluxos de caixa previsíveis e recorrentes”.