SÃO PAULO (Reuters) - A Companhia Siderúrgica Nacional avalia que impactos de reajustes de preços de aço, combinados com maiores embarques de minério de ferro a valores também melhores que no início do ano, vão impulsionar seus resultados neste trimestre e nos próximos, enquanto o grupo mantém estratégia de redução de dívida para aproveitar oportunidades no mercado global em 2020.
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o presidente-executivo da CSN (SA:CSNA3), Benjamin Steinbruch, afirmou que os preços de aço no segundo trimestre dão possibilidade para e empresa fazer novo reajuste, de 10 por cento. Isso, combinado com o atual movimento de recomposição de estoques na cadeia no Brasil, tende a beneficiar a companhia nos próximos trimestres.
Além disso, Steinbruch afirmou que a empresa deve elevar os embarques de minério de ferro no segundo trimestre, após chuvas prejudicarem operações portuárias da CSN de janeiro a março.
"Embarcamos oito navios no final de março e temos para estes próximos meses três navios a mais (dois em maio e um e junho) e estamos buscando alternativa para escoar mais produto", disse o executivo.
Segundo Steinbruch, a CSN vai usar também porto da Vale (SA:VALE3) para suas exportações de minério de ferro. O executivo disse que os preços de venda do insumo pela empresa no primeiro trimestre ficaram em cerca de 82 dólares a tonelada, por causa de defasagens com clientes asiáticos, mas que este nível deve se aproximar de 95 dólares no atual trimestre.
As ações da CSN tinham queda de 0,77 por cento às 14h43, enquanto o Ibovespa mostrava desvalorização de 0,81 por cento. Na noite da véspera, a companhia divulgou que seu lucro no primeiro trimestre caiu de 1,49 bilhão de reais um ano antes para 87 milhões entre janeiro e março deste ano.
"Tivemos um trimestre excepcional e que não está refletido inteiramente nos números apresentados (pela CSN)...Para o próximo trimestre estamos muito otimistas, achamos que vai ser o melhor trimestre da história da CSN", afirmou Steinbruch.
Executivos da companhia citaram aumento de custos na produção de aço do primeiro trimestre, em meio à tragédia envolvendo a Vale em Brumadinho (MG) e enquanto a CSN monta estoques da liga para lidar com a parada do alto forno 3 da usina de Volta Redonda, em junho.
O equipamento deve ficar parado por 60 dias, enquanto a CSN investe cerca de 200 milhões de reais numa reforma que deve ampliar a capacidade do forno entre 400 mil e 500 mil toneladas anuais. Esse aumento vai gerar material adicional para a empresa usar numa futura nova linha de galvanização que está em estágio final de planejamento, afirmaram executivos da companhia. A nova linha, para abastecer clientes como a indústria automotiva, deve exigir investimento de 1 bilhão de reais, disse o diretor comercial, Luis Fernando Martinez, sem citar cronograma.
Martinez também afirmou que a CSN espera uma melhora no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) trimestral da área de siderurgia a partir do segundo trimestre, atingindo nível de 600 milhões a 700 milhões de reais no segundo semestre. A área teve Ebitda de 344 milhões no primeiro trimestre, após 690 milhões no mesmo período de 2018.
Steinbruch manteve meta para a CSN atingir uma relação de dívida líquida sobre Ebitda de 3 vezes em dezembro, ante 4,07 vezes no fim de março. Para isso, a empresa segue negociando contrato de streaming de minério de ferro de 500 milhões de dólares e venda de ativos que incluem a usina alemã SWT.
"Estamos próximos de uma conclusão da negociação na Alemanha. É uma questão única e exclusivamente de preço. Se chegar no preço que achamos que é certo, venderemos certamente", disse Steinbruch, afirmando que a CSN tem como inspiração atingir um valorização do ativo alemão como a alcançada na venda da usina de aço LLC, nos Estados Unidos, no ano passado, que foi acertada por 400 milhões de dólares.
(Por Alberto Alerigi Jr.)