Disputas judiciais ameaçam leilão de ativos de processamento de soja da Imcopa

Publicado 30.05.2025, 17:18
Atualizado 30.05.2025, 17:20
© Reuters. Soja em mercado na China

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - Uma disputa sobre o controle da processadora de soja brasileira Imcopa, que está em recuperação judicial há cerca de uma década, ameaça inviabilizar um leilão judicial de suas duas fábricas no Sul do Brasil, que já haviam atraído o interesse de grandes tradings de grãos como Bunge (NYSE:BG) e Cargill.

A R2C Investimentos, uma gestora de ativos que indicou membros da antiga administração da Imcopa, está questionando o que chamou de "irregularidades" relacionadas ao leilão, marcado pare 3 de julho. A gestora prometeu, em um comunicado, alertar os possíveis compradores sobre "as ilegalidades do processo competitivo".

Um advogado da Cervejaria Petrópolis, cujo proprietário adquiriu a maior parte da dívida da Imcopa por meio de veículos de investimento no Brasil e no exterior, disse que o litígio em andamento em múltiplas jurisdições não deve afetar o leilão. O processo competitivo visa arrecadar cerca de R$1,7 bilhão, valor que inclui o preço mínimo pelas duas fábricas e uma marca de óleo produzido pela empresa, de acordo com as regras do edital.

O certame representa a mais recente tentativa de vender as duas plantas de esmagamento da Imcopa, localizadas perto de regiões produtoras de soja e do porto de Paranaguá.

Trata-se de uma rara oportunidade de aquisição no Brasil, o maior produtor mundial de soja e um dos principais exportadores de farelo de soja. Entretanto, os riscos jurídicos inerentes ao negócio e as atuais margens negativas de esmagamento no Brasil podem manter os compradores afastados.

Em fevereiro de 2020, a Bunge fez a única oferta pelas duas fábricas da Imcopa, que têm capacidade de esmagamento anual de 1,5 milhão de toneladas métricas de soja e são especializadas no processamento de grãos não-transgênicos. O leilão foi realizado através de uma vara de falências do Paraná, onde a recuperação judicial da Imcopa tramita deste 2013.

O negócio com a Bunge foi desfeito em 2021 em meio a prolongadas batalhas judiciais envolvendo a Cervejaria Petrópolis, que tinha um contrato de arrendamento para operar as fábricas na época.

A Bunge, que nunca assumiu o controle dos ativos, não quis comentar.

Em 2023, a Cargill informou ao juízo da recuperação sobre seu potencial interesse nos ativos da Imcopa, buscando esclarecimentos sobre os passivos envolvidos, segundo documentos vistos pela Reuters na época, mas o negócio não se concretizou.

A Cargill se recusou a comentar sobre o novo leilão da Imcopa.

O dinheiro arrecado com a venda dos ativos será depositado em juízo e utilizado para pagamentos de credores, tributos e impostos, segundo informou o atual controlador da companhia.

Após a tentativa fracassada de aquisição pela Bunge, ela manteve um acordo com a Cervejaria Petrópolis para fornecer soja à Imcopa em troca de produtos acabados. O advogado da cervejaria disse que esse acordo expirou no ano passado, quando as duas fábricas foram paralisadas para manutenção.

A Cervejaria Petrópolis administra a Imcopa desde março de 2024, quando a vara de falências lhe deu o controle após uma investigação criminal cujos alvos incluíam ex-executivos da Imcopa, disse a cervejaria na época.

O caso criminal, ainda em andamento, está sob segredo de Justiça. A R2C negou qualquer irregularidade envolvendo a antiga administração da Imcopa.

(Reportagem de Ana Mano)

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