Por Senad Karaahmetovic
Várias empresas que registraram receitas abaixo das estimativas no 2º tri acabaram culpando a valorização do dólar pelos resultados. Um cálculo do Goldman Sachs (NYSE:GS) mostra que uma valorização de 10% no dólar ponderado pelo comércio gera um impacto de 2-3% no LPA.
David Kostin, estrategista-chefe de ações dos EUA, considera que muitas outras empresas reportarão resultados abaixo das expectativas para o 2º tri devido à força da moeda americana.
No entanto, há uma enorme diferença no impacto gerado pelo dólar valorizado sobre diferentes setores.
“Dois setores – TI (59%) e Materiais (50%) – obtêm mais da metade das suas receitas fora dos EUA. Devido em grande parte à indústria de semicondutores, as empresas de TI estão mais expostas à Grande China, com 27% do faturamento gerado na região Ásia-Pacífico de forma geral e 15% explicitamente atribuído à Grande China. Na outra ponta da distribuição, grande parte das ações medianas de serviços financeiros, utilidade pública e mercado imobiliário geram menos de 10% das receitas fora dos Estados Unidos”, ressaltou Kostin.
Ao nível dos índices, o Nasdaq 100 possui, de longe, a maior exposição (47%), em comparação com 29% do S&P 500 e apenas 20% do Russell 2000.
Olhando para frente, Kostin considera que as ações americanas expostas à Europa devem continuar tendo baixo desempenho, enquanto a perspectiva para os papéis com grande exposição à China é desafiadora.
“O crescimento do PIB da China no 2º tri está muito mais fraco do que o consenso esperava, e os riscos do setor imobiliário ganharam destaque ultimamente, ao mesmo tempo em que um novo surto de infecções por Covid gerou bloqueios na região. Nossos economistas chineses rebaixaram suas previsões de crescimento em vista desses eventos e agora projetam um crescimento de 3,3% para o PIB em 2022 (contra 4,0% anteriormente). No acumulado do ano, uma cesta de ações dos EUA com as maiores exposições à China (GSCBCHSE) ficou atrás do S&P 500 em 9 pp (-25% vs. -16%)”, concluiu o estrategista.