Após ter interrompido na terça-feira sua mais longa sequência de ganhos desde fevereiro de 2018, o Ibovespa retornou a terreno positivo nesta quarta-feira em que o principal dado do dia - o IPCA a 0,83% em maio, acima do teto das estimativas e o maior para o mês em 25 anos - contribuiu para reforçar a percepção de que a retomada da atividade segue em curso, o que pode ter reflexo, também, no ajuste da política monetária do Copom, que volta a deliberar sobre os juros daqui a uma semana.
Nesta quarta, mesmo com sessão ao final negativa em Nova York, o índice da B3 (SA:B3SA3) chegou a mostrar fôlego para defender o nível de 130 mil pontos, mas perdeu força no fechamento, em discreta alta de 0,09%, aos 129.906,80 pontos, entre mínima de 129.281,45 e máxima de 130.882,46 pontos, com giro financeiro a R$ 39,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa ainda cede 0,17%, colocando os ganhos do mês a 2,92% e os do ano a 9,15%.
Depois do IPCA, a atenção se volta, na quinta, para o indicador mais aguardado da semana, o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI de maio. Na divulgação anterior, houve estresse no mercado, com a leitura muito acima do esperado para abril resultando em temor sobre ajuste precoce no programa de estímulos monetários nos EUA, observa Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos. "Amanhã promete ser um dia importante, com um indicador muito relevante", diz o analista, chamando atenção para a divulgação, hoje, da inflação ao produtor na China a 9% ao ano, acima do consenso, o que resultou em algum ruído nos principais mercados asiáticos.
Apesar de certo grau de incerteza externa, e também doméstica, o dólar bem mais comportado, tendendo a testar o limiar mais baixo dos R$ 5, e a recuperação estendida na virada de maio para junho na Bolsa, em direção a novas máximas históricas, refletem recuperação de fluxo externo, que tem beneficiado os mercados emergentes. Neste começo de mês, os estrangeiros ingressaram em termos líquidos com R$ 7,935 bilhões na B3 até o dia 9, elevando o fluxo acumulado no ano a R$ 39,316 bilhões. Nesta quarta, o dólar à vista teve ajuste de alta (+0,69%), a R$ 5,0692 no fechamento da sessão.
Ainda que a leitura sobre a inflação não produza sinal único, o ajuste negativo observado nesta quarta em setores com exposição à economia doméstica, como bancos (BB (SA:BBAS3) ON -1,93%) e construtoras (Cyrela (SA:CYRE3) -2,33%) - estas diretamente afetadas pelo aumento de custos no setor -, foi contrabalançado pela boa recuperação em mineração (Vale ON (SA:VALE3) +2,07%) e siderurgia (Usiminas (SA:USIM5) +2,56%, CSN (SA:CSNA3) +2,24%), com alta do minério de ferro, "após os estoques da commodity nos portos chineses recuarem para o menor nível desde 5 de fevereiro, o que eleva a expectativa por uma reposição ao longo do mês e, com isso, maior demanda", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
Na ponta negativa do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para ações com exposição à demanda interna, como Magazine Luiza (SA:MGLU3) (-3,71%), ao lado das administradoras de shoppings Iguatemi (SA:IGTA3) (-3,78%) e Multiplan (SA:MULT3) (-2,80%). No lado contrário, Locaweb (SA:LWSA3) avançou 2,92%, Hering (SA:HGTX3), 2,87%, e Suzano (SA:SUZB3), 2,79%. O fechamento veio de sinal misto para Petrobras (SA:PETR4) (PN sem variação, ON +0,34%), com o Brent negociado em torno de US$ 72 por barril apesar do viés negativo na sessão.