SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Eneva (SA:ENEV3) convidou assessores legais da AES Tietê (SA:TIET11) para uma reunião eletrônica em 30 de março, na qual pretende apresentar "detalhes regulatórios, fiscais e de estrutura" sobre uma proposta de combinação dos negócios das companhias, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira.
A Eneva fez em 1° de março uma oferta hostil para fusão com a AES Tietê, em negócio que envolveria pagamento de 2,75 bilhões de reais em dinheiro e mais um montante em ações da empresa aos atuais acionistas da rival, controlada pela norte-americana AES, operação que totalizaria 6,6 bilhões de reais.
A AES Tietê, no entanto, tem se queixado de falta de informações para avaliar a proposta. Na véspera, a companhia disse que seu conselho definiu pela continuidade de um plano de trabalho para avaliação da oferta, assumindo que a documentação será recebida.
A Eneva defendeu nesta quinta-feira que a proposta seria "benéfica para todos os acionistas de ambas as companhias", mas acrescentou que está aberta a "avaliar em conjunto...outras possíveis formas de implementação da operação".
Em resposta às críticas da AES sobre a falta de documentos, a Eneva disse avaliar que poderia haver decisão sobre o negócio o sem uso de informações não públicas, uma vez que ambas empresas são auditadas e listadas em bolsa, mas apontou que concorda em celebrar um acordo de confidencialidade para atender eventuais pedidos de dados.
Uma eventual combinação entre ativos da Eneva, que opera térmicas e tem reservas da gás, com os da AES Tietê, que tem hidrelétricas e usinas eólicas e solares, criaria uma das maiores empresas de geração do Brasil.
A Eneva tem avaliado a transação com a AES Tietê desde o ano passado, mas decidiu apresentar uma oferta hostil após conversas iniciais com a AES nos Estados Unidos não terem avançado.
A resistência inicial dos norte-americanos à oferta da Eneva foi atribuída ao plano da AES de investir em descarbonização, que não se encaixariam em um negócio envolvendo uma empresa com ativos de geração a carvão, disseram fontes à Reuters.
(Por Luciano Costa)