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ENTREVISTA: Movida indica aumento de investimentos após otimismo com balanço

Publicado 13.08.2019, 17:21
© Reuters.
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Edmar Lopes, CFO da Movida

Por Felipe Areia

Investing.com - A Movida (SA:MOVI3) apresentou seu balanço nesta terça-feira (13) e mostrou avanço nas principais linhas do balanço. Em conversa com o Investing.com Brasil, o diretor financeiro da empresa, Edmar Lopes, mostrou otimismo com o resultado e o futuro da empresa e sinalizou aumento de investimentos e na distribuição de proventos devido ao aumento do lucro.

No segundo trimestre, o lucro líquido somou R$ 41,5 milhões, resultado 4% acima dos R$ 39,9 milhões em igual período de 2018. A receita líquida disparou 57% para alcançar os R$ 956,2 milhões, enquanto o Ebitda avançou 31% para R$ 154,9 milhões.

Os bons resultados, especialmente na receita, vieram da recuperação da área de seminovos, foco da gestão da empresa desde meados de 2018, quando foi formado um plano de ação para reduzir custos, aumentar vendas e melhorar margens. “Em algum momento entre o final deste ano e o início do ano que vem, teremos uma margem Ebitda positiva nos Seminovos”, contou Lopes.

A retomada do segmento trouxe benefícios visíveis para o negócio já neste trimestre. Com o recorde de venda de 16,1 mil automóveis usados, a Movida garantiu o retorno dos investimentos na expansão da frota de veículos para aluguel.

A frota estava estacionado em cerca de 54 mil unidades desde o final do ano passado e a capacidade da área de seminovos em reduzir o estoque de veículos era condição para novo crescimento na área de aluguéis. Ao todo, a Movida adquiriu 6 mil veículos para sua frota para pessoa física, um aumento líquido de 1.407 unidades sobre o trimestre anterior.

Essa recuperação deverá ampliar o Capex para 2019, hoje aprovado em R$ 550 milhões. O valor final, contudo, ainda não foi definido pelo conselho. “Temos ainda que rodar os cenários após o follow-on e o número do ano certamente será maior para refletir a nova realidade”, prevê o CFO da Movida.

Em relação à distribuição de proventos, Lopes afirmou que a empresa vê valor nesta política e indicou que o pagamento deverá avançar no segundo semestre. A companhia distribuiu R$ 40 milhões no primeiro semestre e a política é manter payout de 50% do lucro. A estimativa do mercado é de um lucro de pouco mais de R$ 200 milhões neste ano, valor que a empresa vê como confortável.

Veja abaixo os principais trechos da conversa do CFO da Movida, Edmar Lopes, com o Investing.com Brasil.

Investing.com - Qual a sua avaliação sobre o balanço da empresa no 2º trimestre?

Edmar Lopes - Atingimos recordes em vários segmentos da companhia, como receita bruta acima de R$ 1 bilhão no trimestre, maior Ebitda em um trimestre, multiplicamos por 6 vezes o lucro desde o IPO, rompemos a barreira de 100 mil carros e no caso de Seminovos, foi a maior venda de carros em um trimestre.

Inv.com - A área de Seminovos está no foco da empresa. Quais são os próximos passos para melhora desse segmento?

EL - Vamos continuar com as ações e é preciso ter disciplina. Com renovação da frota, passaremos a contar com unidades mais nova para serem vendidas. Isso faz parte de plano que anunciamos no ano passado que envolveu a troca da marca e diversos ajustes no segmento como mudar de maneira mais granular a precificação dos veículos, aprimorar a distribuição, melhorar os processos e treinamento dos vendedores. Com isso, a expectativa é que em algum momento entre o final deste ano e o início do ano que vem teremos uma margem Ebitda positiva nos Seminovos.

Inv.com - Carros mais novos indicam uma maior margem de venda?

EL - Sim, a margem aumenta. Carros mais novos têm uma quilometragem mais baixa, o que tem um impacto positivo no preço.

Inv.com - Qual o nível confortável de venda de veículos para manter a empresa saudável?

EL - Com a frota que temos hoje, o nível de vendas deve ser da ordem de 15 mil carros por trimestre. Vendemos 16 mil no segundo trimestre, pois estávamos atrasados. No segundo semestre, vamos manter esse patamar de 15 mil carros por trimestre e conseguimos manter a tendência de queda na idade do carro vendido, o que se reflete em preço.

Com a frota que temos hoje, o nível de vendas deve ser da ordem de 15 mil carros por trimestre. Vendemos 16 mil no segundo trimestre, pois estávamos atrasados. No resto do ano, vamos manter esse patamar de 15 mil carros por trimestre e vamos manter a tendência de queda na idade do carro vendido, o que se reflete em preço.

Inv.com - Esse patamar de vendas possibilitou que a empresa aumentasse a frota de aluguéis para pessoas físicas...

EL - Exatamente.

Inv.com - A empresa deverá revisar e aumentar os investimentos neste ano? A meta atual é de R$ 550 milhões. Para qual valor deverá subir?

EL - O número não está aprovado ainda. Temos ainda que rodar os cenários após o follow-on e o número do ano certamente será maior para refletir a nova realidade.

Inv.com - Esse investimento deverá vir na área de aluguéis?

EL - O capex é para as duas linhas de negócio em valores não muito diferentes. O investimento na área de gestão de frotas é um capex bem visto, pois só investimos quando ganhamos o contrato. A área de gestão deverá seguir crescendo no patamar atual de cerca de 10 mil carros ao ano. O mercado está indo bem e estamos crescendo.

Inv.com - Como está o mercado de gestão de frotas?

EL - O mercado aumentou bastante nos últimos 18 meses. Temos três grandes vertentes de crescimento: as pequenas e médias empresas que estão terceirizando pela primeira vez e a ampliação dos contratos nos clientes existentes, que estão com novos projetos. A terceira são os grandes bids que sempre são bastante competitivos, nós temos um crescimento disciplinado e temos perdidos grandes concorrências sem nenhum problema, de maneira bem tranquila.

Inv.com - Quanto a fraqueza da economia tem afetado o crescimento da Movida?

EL - O setor de gestão frotas tem uma questão de subpenetração. Cerca de 10% da frota corporativa brasileira é terceirizada, o que é um nível muito baixo. Outros países têm níveis de até 50%. Estamos enxergando sinais de retomada do PIB, ainda que não seja nada transformacional, mas estamos vendo as empresas se movimentando. Clientes existentes que têm ampliado a frota contratada, mostrando que estão crescendo além do programado.

Inv.com - Qual o guidance da Movida para o lucro do ano?

EL - Não temos, mas estamos confortáveis com o consenso de pouco mais de R$ 200 milhões neste ano. Por uma questão de sazonalidade, a maior parte do nosso lucro virá no segundo semestre.

Inv.com - A distribuição de JCP ficou estável nos últimos dois trimestres. A empresa vê valor na política de distribuição de proventos ao acionista?

EL - Nós vemos valor no retorno ao acionista. Faremos um payout perto de 50% do lucro. Ano passado já foi perto disso e vamos manter em 2019.

Inv.com - Como está a recepção do mercado de capitais após a emissão de debêntures e o follow-on?

EL - O mercado tem nos apoiado porque estamos entregando. Nós somos uma empresa nova, desafiante da indústria, e nossa trajetória tem sido muito positiva e com muita disciplina. O resultado está aparecendo. São oito trimestres consecutivos de crescimento. Colocamos duas debêntures neste ano, com valor somado de R$ 900 milhões, que foram 100% tomadas pelo mercado.

Inv.com - Qual a perspectiva de nova captação?

EL - Vou dar uma resposta protocolar: estamos sempre olhando as oportunidades. Como o mercado tem nos apoiado, tem muita liquidez e a melhora do rating da companhia, acreditamos nos próximos 12 meses possamos acessar mais uma vez para melhorar a estrutura de capital para alongar prazo, reduzir custo ou os dois.

Inv.com - O que significa para a Movida ter um capital mais pulverizado após o follow-on?

EL - A JSL (SA:JSLG3) continua como nossa controladora, o que é muito importante e significa uma cresça no nosso negócio. Hoje temos acionistas em todas as geografias, com Ásia, Europa, Estados Unidos e América do Sul. Nosso volume diário negociado é muito bom, mostra que tem apelo e os investidores estão enxergando o que a companhia tem feito. Existem fundos com limitações de mínimo de volume diário com o aumento dos negócios e free float passa a dar a possibilidade de acessar esses fundos.

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