Henrique Meirelles negociou com governadores uma carência de seis meses das dívidas dos Estados (Reuters/Ueslei Marcelino)
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Apito inicial
Novidades no cenário corporativo devem marcar presença no mercado brasileiro nesta terça-feira (21) em meio ao sentimento mais favorável no exterior quanto ao futuro do Reino Unido na União Europeia. A vitória de Michel Temer na renegociação de dívida junto aos governadores de Estados tende a ser bem recebida pelos investidores.
As bolsas avançam na Europa assim como os índices futuros em Wall Street, prolongando os ganhos da véspera mediante a expectativa de que os britânicos vão optar por ficar na União Europeia em referendo na quinta-feira (23).
A disputa continua bastante acirrada no pleito que deve provocar enormes consequências para o Reino Unido e a Europa. Duas pesquisas de opinião indicaram na segunda-feira (20) apoio de 53% à permanência na UE, enquanto uma terceira apontou apoio maior à saída britânica do bloco continental.
Ainda no ambiente internacional, destaque para o depoimento da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen, ao Congresso, já que ela pode oferecer pistas sobre o momento da próxima alta de juros nos Estados Unidos.
No cenário político interno, ao contrário do calote de dois anos pedido inicialmente pelos governadores para ganhar oxigênio em meio aos problemas financeiros, o governo Temer acertou com os Estados uma carência de seis meses. O custo será de R$ 20 bilhões em 2016, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
No âmbito corporativo, a operadora de telecom Oi (SA:OIBR4) entrou com pedido de recuperação judicial no valor de R$ 65 bilhões, o maior da história corporativa do Brasil. A decisão tende a repercutir nas ações de bancos, como Itaú (SA:ITUB4), Bradesco (SA:BBDC4) e BB (SA:BBAS3), que terão de lidar com aumento de provisões para perdas, já que juntos detêm dívida em torno de R$ 8 bi da operadora.
E o grupo de ensino superior privado Kroton (SA:KROT3) enviou nova oferta para compra da Estácio (SA:ESTC3) na qual propõe uma relação de troca de 1,25 ação de sua emissão por cada 1 papel da rival. Segundo a Kroton, a nova oferta representa um prêmio de 27,9% sobre a proposta feita anteriormente.
O poder e a economia
Acordo com Estados - De acordo com o jornal Valor Econômico, o acordo entre Estados e União dará um alívio de R$ 50 bilhões para os governadores até 2018. Com a suspensão dos pagamentos por seis meses, o impacto este ano será de R$ 20 bilhões. Já nos próximos dois anos, a previsão do Ministério da Fazenda é que o impacto será de R$ 15 bilhões em cada.
Socorro à Oi? - O presidente interino Michel Temer decidiu não se meter no caso de recuperação judicial pedido pela Oi. Quem acompanha o assunto recebeu bem a atitude, uma vez que com o governo fora, uma possível ajuda com dinheiro público é descartada. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Sem crise - Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em meio à crise financeira que o país enfrenta, a Câmara dos Deputados deve iniciar nesta semana a análise do solo de um terreno próximo. No local deve ser construído um prédio idealizado por Eduardo Cunha. A obra terá seis andares de garagem e três andares para auditório, gabinetes e comissões. A licitação para a construção pode sair até o final do ano e está orçada em R$ 360 milhões, com previsão de três anos de duração.
Base na Câmara - O DEM e o PSDB articulam a candidatura de um deputado de fora do centrão para substituir Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Com isso, um perigoso racha é aberto na base do governo de Michel Temer, o que pode colocar em risco a votação de algumas medidas prioritárias. Outro ingrediente foi a atitude de Waldir Maranhão procurar tucanos e democratas antes de decidir contra Cunha. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
O que acontece no mundo corporativo
Operação resgate - A Oi deu entrada em um pedido de recuperação judicial, após fracasso nas negociações com detentores de bônus para tentar reestruturar de forma organizada dívidas de cerca de R$ 65 bilhões. Em fato relevante, a maior concessionária de telecomunicações do Brasil afirmou que a medida visa, entre outros objetivos, proteger o caixa das empresas do grupo.
Nova oferta - O grupo de ensino superior privado Kroton anunciou nesta terça-feira que enviou nova oferta para compra da Estácio, em que propõe uma relação de troca de 1,25 ação de sua emissão por cada papel da rival mais próxima.
Atoleiro - A Samarco e suas proprietárias Vale (SA:VALE5) e BHP Billiton contrataram bancos para sondar credores sobre uma potencial renegociação de US$ 3,8 bilhões em dívidas, após o rompimento da barragem de Mariana levar ao fechamento de uma importante mina, segundo a Reuters.
Tempo contado - Após reunião com representantes do governo paulista, a JBS (SA:JBSS3) decidiu manter em funcionamento a unidade de Presidente Epitácio (SP). Em nota, a empresa disse que a decisão de fechar o frigorífico, que tem 795 funcionários, está suspensa enquanto aguarda "a definição de uma proposta do governo na próxima semana que possa tornar viável a continuidade das operações na referida planta".
Nada feito - O Casino não possui estudos ou intenção de fechar capital ou realizar reestruturação societária das empresas brasileiras controladas, informou o grupo varejista francês. As informações foram divulgadas após reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo que afirma que o grupo está revendo estratégias no Brasil e pode optar por fechar o capital do Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4).
Para comentar mais tarde
Não sobrou nem supercomputador na Petrobras (SA:PETR4). O Brasil está perdendo espaço na fronteira da alta tecnologia mundial. Segundo o Top 500, uma lista que reúne os maiores supercomputadores do mundo, o país tinha seis entre os mais rápidos do mundo em 2015. Esse número caiu para quatro no levantamento publicado hoje, como resultado da saída das máquinas da Petrobras e do Inpe.