Por Clare Jim e Shuyan Wang e Andrew Galbraith
HONG KONG (Reuters) - A chinesa China Evergrande Group (HK:3333) (OTC:EGRNY) criou um comitê de gestão de risco, à medida que a incorporadora imobiliária se aproxima de uma reestruturação de dívida, que paira há meses nos mercados globais e na segunda maior economia do mundo.
O gigante imobiliário, que tem mais de 300 bilhões de dólares em passivos e corre o risco de se tornar o maior calote de todos os tempos da China, disse na segunda-feira que o comitê incluía funcionários de entidades estatais e desempenhará um papel importante na "mitigação e eliminação dos riscos futuros" do grupo.
Na sexta-feira, a Evergrande disse que buscará reestruturar sua dívida externa após reconhecer que pode não ser mais capaz de cumprir suas obrigações financeiras, o que levou o governo da província de Guangdong, onde está a sede da empresa, a intervir para ajudar a administrar as consequências.
"A Evergrande está tentando vender ativos para pagar dívidas, mas o comunicado de sexta-feira basicamente diz que vai 'se render' e precisa de ajuda", disse Conita Hung, diretora de estratégia de investimento da Tiger Faith Asset Management. "Isso é um sinal muito ruim."
As ações da Evergrande caíram para uma mínima recorde na segunda-feira, uma vez que operou, mais uma vez, à beira da inadimplência com o fim de um período de carência de 30 dias pairando sobre dívidas que totalizam 82,5 milhões de dólares.
Ao final do horário comercial asiático, dois detentores de títulos disseram que ainda não haviam recebido os pagamentos.
A Evergrande, que já fez pagamentos de títulos de última hora no passado, não quis comentar.
Se a Evergrande for declarada em inadimplência formal, isso desencadeará uma onda de inadimplências cruzadas que se espalhará além do setor imobiliário, potencialmente abalando a confiança do investidor global, já abalada pelo surgimento da variante Ômicron do coronavírus.
"Até ocorrer um novo anúncio, todos estão esperando para ver se este será o primeiro evento a disparar o gatilho", disse Karl Clowry, um sócio da Addleshaw Goddard, em Londres.
As autoridades chinesas aumentaram os esforços para tranquilizar os mercados de que os problemas da Evergrande podem ser contidos. Na última medida, o banco central da China disse na segunda-feira, que cortaria a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em reserva, sua segunda medida neste ano, liberando 188 bilhões de dólares em liquidez de longo prazo para impulsionar o crescimento econômico lento.
As ações da Evergrande despencaram 20% nesta segunda-feira, fechando com o menor valor histórico de 1,81 dólar de Hong Kong.
A recente queda nos títulos denominados em dólares da Evergrande se intensificou com a emissão de março de 2022 caindo 4,35 centavos de dólar para 27,7 centavos, enquanto outras emissões como os títulos de 2024 e 2025 despencaram para registrar mínimas abaixo de 20 centavos, mostraram dados da MarketAxess.