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EXCLUSIVO-Seara Indústria oferece ativos a CHS e Bunge em meio à recuperação judicial, dizem fontes

Publicado 26.09.2017, 18:19
© Reuters.  EXCLUSIVO-Seara Indústria oferece ativos a CHS e Bunge em meio à recuperação judicial, dizem fontes
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Por Tatiana Bautzer e Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - A trading brasileira de soja Seara Indústria ofereceu seus ativos de logística a credores, incluindo a trading norte-americana Bunge e a cooperativa agrícola CHS, em uma aposta para resolver seu processo de recuperação judicial que está ameaçado por alegações de fraude, informaram duas pessoas envolvidas no caso.

A Seara Indústria & Comércio de Produtos Agropecuários entrou com pedido de recuperação judicial em abril para reestruturar 2,1 bilhões de reais em dívidas.

Em julho, a Justiça acatou um pedido de paralisação de tramitação do processo até que peritos indicados pelo tribunal investigassem alegações de credores de que a companhia havia falsificado declarações financeiras, segundo seis fontes e documentos judiciais vistos pela Reuters.

Em uma tentativa de resolver o processo de recuperação judicial, a Seara Indústria propôs um acordo extrajudicial com credores na semana passada, segundo duas das fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade das negociações.

A proposta em discussão envolve repassar um terminal portuário para embarque de grãos e três terminais de transbordo às tradings agrícolas e outros credores, disseram as fontes.

A Seara Indústria disse à Reuters que as alegações de fraude não se justificam e que havia apelado da decisão de suspender o processo de proteção contra credores. A empresa não quis comentar sobre um possível acordo extrajudicial.

A CHS, maior credora da Seara, em um determinado momento chegou a participar de negociações para comprar a companhia, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto. Um representante para a imprensa da CHS confirmou que a companhia é credora da Seara Indústria, mas disse que "não comenta sobre investigações em andamento".

A Seara Indústria também está discutindo um investimento do grupo chinês Shanghai Pengxin para cobrir pagamentos a credores financeiros, como Credit Suisse, Rabobank e Citigroup, disse uma das fontes. A Pengxin não respondeu a uma solicitação de comentário. No ano passado, a Pengxin comprou duas tradings de grãos no Brasil, como parte de uma iniciativa de companhias chineses para assegurar oferta de alimentos no longo prazo. A Seara Indústria deve 218 milhões de dólares à CHS, a maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, mostraram os documentos aos quais a Reuters teve acesso.

O holandês Rabobank Groep tem que receber cerca de 82 milhões de dólares; o banco suíço Credit Suisse, 15 milhões de dólares; e a subsidiária brasileira da trading de commodities Bunge, a Bunge Alimentos, outros 18 milhões de dólares, segundo os documentos. Credit Suisse, Bunge e Rabobank não quiseram comentar. Os documentos do 4º Tribunal Regional Federal também mostraram que dados financeiros que a Seara apresentou ao Credit Suisse antes do pedido de recuperação judicial divergiam das declarações de resultados de 2016 da companhia.

A Seara Indústria disse à Reuters que os documentos enviados ao Credit Suisse eram apenas preliminares. Um juiz do caso encontrou "fortes evidências de que os dados não refletem a atual situação da companhia", segundo a decisão judicial de julho que suspendeu o andamento do processo de recuperação judicial.

Documentos anexados ao pedido para suspender a tramitação do processo também mostraram que uma unidade da empresa de investimentos nos Estados Unidos Corrum Capital Management alegou que soja entregue para a Seara, em um acordo em que a empresa ficou como fiel depositária da mercadoria, "desapareceu dos armazéns".

Questionado sobre essa alegação, o advogado da Seara Assione Santos disse que alguns dos clientes da companhia não receberam os grãos a que tinham direito por contrato por causa de uma queda na produção de grãos do Brasil em 2016, após uma seca.

A Corrum, que também é uma credora da Seara, não quis comentar. O Banco do Brasil (SA:BBAS3) alegou à Justiça que a família Zanin, proprietária da Seara, enganou credores.

O banco alega que a companhia transferiu dois apartamentos que antes pertenciam à empresa para a família e retirou 40 milhões de reais das contas da companhia dias antes de entrar com pedido de recuperação judicial. Santos, advogado da Seara, disse à Reuters que a transferência dos apartamentos não é ilegal. E afirmou que os 40 milhões de reais eram um pagamento ao proprietário da Seara, Santo Zanin Neto, para adquirir a sua participação pessoal nos terminais de logística e para pagar por carregamentos de milho que ele vendeu à companhia.

A proposta de um acordo extrajudicial exigiria que a Seara Indústria abrisse mão da maioria de seus ativos, incluindo uma planta de processamento de soja, armazéns, três terminais de logística e um terminal portuário em Paranaguá, disseram duas das fontes ouvidas.

Os terminais são considerados ativos valiosos devido à capacidade de transportar grãos por ferrovias desde o Mato Grosso até o porto de Paranaguá, no sul. Os terminais têm contratos de longo prazo com a companhia brasileira de logística Rumo (SA:RAIL3).

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