Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O faturamento dos shopping centers do Brasil deve aumentar entre 5,5 e 6 por cento em 2018 em termos nominais, em linha com o crescimento apurado em 2017, informou nesta terça-feira a associação que representa o setor.
"2018 vai ser um ano de consolidar os empreendimentos lançados nos últimos anos... Vai ser positivo, mas longe do crescimento de dois dígitos de 2014 e 2015", disse a jornalistas o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai.
Em termos reais, a entidade prevê alta de 3 por cento na receita total de vendas dos shopping centers do país neste ano. Na avaliação de Humai, o primeiro semestre tende a ser melhor que o segundo, quando a disputa eleitoral deve acentuar o sentimento de cautela entre os consumidores e empresários. "A eleição injeta dinheiro na economia e, ao mesmo tempo, afeta confiança", comentou.
Outro evento que afetará a dinâmica do setor em 2018 é a Copa do Mundo, que deve favorecer as vendas de eletrônicos, em especial televisores, mas pode enfraquecer o varejo de moda, exceto no segmento esportivo, cuja representatividade é baixa, acrescentou o presidente da Abrasce.
No ano passado, os shopping centers do Brasil faturaram um total de 167,75 bilhões de reais, alta nominal de 6,2 por cento ante 2016. O resultado ficou aquém da expansão de 7 por cento que a associação projetava para 2017. "Dezembro não foi tão bom quanto esperávamos... O Natal foi melhor que 2016, mas pior que o esperado", explicou Humai.
O setor encerrou 2017 com uma taxa de vacância de 5,7 por cento, ante 5 por cento apurada ao fim de 2016. A associação projeta algo entre 5,5 e 6 por cento para 2018 e só vê a taxa retornando à média história de 4,5 por cento a partir de 2020.
Um dos motivos para a maior vacância nos últimos anos é a taxa de ocupação mais baixa no momento de inauguração dos empreendimentos, segundo a entidade.
"Hoje inauguramos um shopping com ocupação de 60 por cento... Essa taxa é menor na largada, mas a curva de melhora é contínua", disse presidente da Abrasce.
Em 2017, foram abertos 12 novos shoppings em todo o país, ante expectativa inicial de 30. Para 2018, estão planejadas 23 inaugurações, sendo 17 no interior e 6 em capitais, mas Humai alerta que o número final de lançamentos normalmente é revisado para baixo no decorrer do ano. "São muitas as variáveis que postergam as inaugurações, acho que 15 a 16 é algo factível para 2018", afirmou.
CONSOLIDAÇÃO
O presidente da Abrasce espera maior movimentação de fusões e aquisições no setor a partir de 2018, principalmente entre participantes regionais de pequeno e médio portes.
Nesta terça-feira, as ações de administradoras de shopping centers negociadas na B3 (SA:BVMF3) operavam sem tendência definida, com BR Malls (SA:BRML3) subindo 1,4 por cento, entre as maiores altas do Ibovespa. Na contramão, Multiplan (SA:MULT3) cedia 0,03 por cento e Iguatemi (SA:IGTA3) perdia 0,67 por cento.
Questionado sobre a eventual abertura de capital de novos grupos, Humai destacou que Tenco, Almeida Junior e Saphyr estão entre os que avaliam essa possibilidade.
Em 16 de janeiro, a JHSF (SA:JHSF3) Participações anunciou que estudava realizar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da subsidiária de shopping centers.
Humai também vê espaço para vinda de redes internacionais de varejo ao Brasil só a partir de 2019. "Esse ano o que dificulta é o ambiente político", disse, referindo-se à cena eleitoral.