Gigantes bancários dos EUA veem oportunidades, mas alertam para bolhas nos ativos

Publicado 15.10.2025, 11:11
Atualizado 15.10.2025, 11:14
© Reuters.

Por Tatiana Bautzer e Nupur Anand e Manya Saini

NOVA IORQUE (Reuters) - Os principais bancos dos EUA previram que seus negócios continuariam a prosperar à medida que os mercados de ações dispararam no último trimestre e os gastos do consumidor se mantiveram, apesar das tarifas comerciais, mas alguns alertaram que os preços dos ativos podem estar insustentavelmente altos.

A receita do banco de investimento Goldman Sachs aumentou 42% no terceiro trimestre, enquanto as taxas do rival JPMorgan Chase subiram 16%, informaram as instituições na terça-feira. O Wells Fargo e o Citigroup também tiveram desempenhos sólidos.

As finanças do consumidor continuam saudáveis, com o JPMorgan observando que a inadimplência dos consumidores estava abaixo das expectativas, embora os executivos tenham dito que estavam monitorando qualquer deterioração à medida que os dados do mercado de trabalho se enfraquecem.

"O ambiente macroeconômico reflete a economia global, que se mostrou mais resiliente do que muitos previam. Os EUA continuam a liderar, impulsionados pelos gastos consistentes do consumidor, bem como pelos investimentos em tecnologia", disse a presidente-executiva do Citigroup , Jane Fraser, durante uma teleconferência.

"Dito isso, há focos de incerteza em termos de avaliação no mercado."

ALTAS RECORDES ESTIMULAM NEGÓCIOS

O diretor financeiro do Wells Fargo , Mike Santomassimo, disse aos jornalistas que o pipeline de negócios parecia bom.

Seu colega no JPMorgan, Jeremy Barnum, afirmou que o banco teve seu verão mais movimentado em fusões e aquisições em muito tempo. Além disso, segundo ele, os mercados de ações e as condições de oferta pública inicial (IPO) também estavam fortes.

Os negócios foram impulsionados pelos preços mais altos dos ativos, com os mercados de ações dos EUA batendo recordes repetidamente neste ano, impulsionados pela empolgação com os cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.

No entanto, essa exuberância está causando receios de que uma grande correção nos preços dos ativos esteja no horizonte. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também alertou na terça-feira que os mercados estão muito complacentes com os riscos comerciais e geopolíticos.

"Muitos ativos parecem estar entrando em território de bolha. Mas esses preços alimentam o mercado de ações, a gestão de ativos e o mercado de IB (investment banking)", disse Jamie Dimon, presidente-executivo do JPMorgan. Nos mercados de crédito, segundo ele, havia "sinais iniciais de algum excesso".

"O ritmo continua na maioria das linhas de negócios, com Wall Street permanecendo forte e a demanda por empréstimos ao consumidor sendo muito resiliente", disse Mac Sykes, gestor de portfólio da Gabelli Funds.

TAXAS MAIORES

As taxas globais dos bancos de investimento atingiram o nível mais alto em quatro anos nos primeiros nove meses de 2025, sustentando os lucros.

“O problema com águas agitadas é que elas criam oportunidades, e a volatilidade do mercado vivenciada nos últimos meses criou o ambiente perfeito para os bancos de investimento dos EUA prosperarem”, disse Danni Hewson, chefe de análise financeira da plataforma de investimentos AJ Bell.

As taxas dos bancos de investimento em todo o mundo aumentaram 9%, para US$99,4 bilhões até o momento este ano, o maior nível desde que os recordes foram estabelecidos em 2021, de acordo com dados da LSEG.

Os negociadores de fusões e aquisições tiveram desempenho de destaque no terceiro trimestre, particularmente em operações nas áreas de tecnologia e financeira, nas quais as taxas aumentaram 55% e 34%, respectivamente, mostraram os dados.

Além do aquecimento dos mercados de ações e dos cortes de juros, os negócios foram estimulados por regulamentações mais brandas sob o comando do presidente dos EUA, Donald Trump, que compensaram a incerteza das tensões comerciais que paralisaram as atividades no início deste ano.

Executivos disseram que esperavam mais vitórias, à medida que os reguladores bancários de Trump reformulassem as regras de capital.

As fusões e aquisições globais aumentaram 40% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, segundo dados da Dealogic. Os meganegócios também foram retomados, atingindo a impressionante marca de US$1,26 trilhão.

A aquisição de US$55 bilhões no mês passado da desenvolvedora de videogames Electronic Arts pelo grupo Silver Lake, pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita e pela Affinity Partners foi a maior compra alavancada da história.

"Não há dúvida de que há uma boa dose de entusiasmo dos investidores", disse o presidente-executivo do Goldman Sachs, David Solomon, aos analistas.

"Embora eu esteja otimista com a perspectiva geral, o mercado opera em ciclos. Uma gestão de risco disciplinada é fundamental", acrescentou.

(Reportagem de Tatiana Bautzer, Nupur Anand, Manya Saini, Tatiana Bautzer; reportagem adicional de Pritam Biswas, Saeed Azhar, Arasu Kannagi Basil, Laura Matthews)

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