A maioria das grandes varejistas de moda nacional conseguiram diminuir a dívida bruta no 1º semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. Das 5 empresas de vestuário mais relevantes, 4 registraram queda no indicador.
A maior redução (-46,1%) foi da Renner (BVMF:LREN3). Em seguida estão Guararapes (BVMF:GUAR3) (-31,1%) e C&A (BVMF:CEAB3) (-15,0%). Só o Grupo Soma teve aumento (37,2%).
Além da redução da dívida, o potencial de criação de caixa da maioria das empresas aumentou. Uma das maneiras de medir esse parâmetro é por meio do Ebitda –sigla em inglês para Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
A exceção foi a Marisa (BVMF:AMAR3), que passa por dificuldades financeiras e uma reestruturação. A maior expansão pertenceu à Guararapes, de 75,1%. O aumento menos expressivo foi do Grupo Soma (11,1%).
O endividamento bruto de todas as gigantes da moda nacional soma R$ 8,1 bilhões. No ano anterior, o estoque era de R$ 10,3 bilhões.
O estoque das disponibilidades de caixa é de R$ 5,7 bilhões ao fim do 1º semestre. Ou seja, as empresas ainda acumulam mais dívida do que caixa –o que não necessariamente é incomum.
Só a Renner tem mais dinheiro no caixa do que dívida bruta. A Marisa é com menos disponibilidade, como mostra o infográfico:
A melhora no resultado se dá em parte por causa do aquecimento da economia. O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu acima do esperado. A criação de empregos seguiu um ritmo similar ao indicador.
Parte dessa melhora também se explica pelo incremento dos benefícios sociais durante o 3º mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os valores do Bolsa Família, por exemplo, batem recorde desde 2023.
Outro ponto que ajudou as varejistas de vestuário foi uma melhora na eficiência das lojas, segundo o especialista Marco Muraro. Ele é consultor de varejo e trabalhou na diretoria comercial da Marisa e da Riachuelo.
“Essas varejistas vêm conseguindo, ao longo desse 1º semestre, uma eficiência operacional muito grande –tanto na parte de desenvolvimento de coleção, de resposta a desenvolvimento e da velocidade para atender o seu público-alvo”, disse ao Poder360.
O especialista diz que parte dessa melhora operacional se deu por causa da competição com varejistas estrangeiras, que entregam on-line por um preço menor. Lula sancionou em 27 de junho a taxa de 20% em compras de até US$ 50 de sites internacionais. O imposto começou a ser cobrado em 1º de agosto. Era uma demanda do varejo nacional.
Essa mudança na cobrança, apesar de ainda não igualar a carga às empresas nacionais e internacionais, deve trazer benefícios ao setor.
“Pelo menos já houve um avanço nesse sentido de não ficar tão desigual essa briga dos produtos chineses, dos produtos que vêm por esses sites internacionais”, declarou Marco Muraro.