Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Em um cenário de fluxo quase ininterrupto de notícias sobre vacinas para a Covid-19, uma possível segunda onda da pandemia, eleições norte-americanas entre outros assuntos, pode parecer difícil para investidores iniciantes traçar estratégias de investimento.
Levar em consideração o noticiário na elaboração de uma estratégia significaria hoje, segundo Henrique Bredda, gestor do Alaska, fazer uma rotação de portfólio, saindo de empresas que prosperam em um mundo de baixa taxa de juros e entrar em empresas que ganham em um mundo em que o PIB volta a crescer, que são as tradicionais, como bancos, commodities e petróleo. Isto é, passar de growth para value stocks.
No entanto, diz Bredda, esse tipo de acontecimento não deve ser o foco de uma estratégia de investimento. “Não investimos desse jeito, conforme a vacina ou a eleição. Tentamos prever o que vai acontecer com o negócio, estimar a geração de caixa e comparar esse valor com o preço da ação. Se acharmos que está barata, vamos comprar. Independente de Biden, Trump, etc.”, explicou o investidor em teleconferência organizada pela Liga de Mercado Financeiro ESALQ/USP.
Nesse sentido, explica Bredda, não faz tanta diferença se a recuperação do PIB ocorrer em dezembro de 2020, agosto de 2021 ou janeiro de 2022, pois tudo isso é curto prazo perto da análise das companhias, que envolve a observação de aspectos como a estrutura administrativa das empresas e de seu planejamento.
O investidor reconhece, no entanto, que alguns setores específicos podem se beneficiar do noticiário, como ocorreu com varejistas com presença relevante em e-commerce durante a pandemia, ou com empresas exportadoras após a alta do dólar. “Mas poucas empresas são impactadas fundamentalmente”, completa.
Corrida para a bolsa
Sobre o aumento de investidores na bolsa de valores, que alcançou o marco de 3 milhões de pessoas físicas em outubro, Bredda acredita que a mudança veio para ficar. Ainda que o maior motivador desse aumento tenha sido a queda do CDI, que tornou as opções de renda fixa menos rentáveis, o investidor também acredita que fenômenos como plataformas acessíveis de investimento e informação por rede social e internet contribuam para estimular o investimento em ações.
“Acho que não vamos ver metade da população brasileira investir em bolsa como vemos nos Estados Unidos, porque o brasileiro ainda é muito pobre. Mas eu acho que podemos alcançar 5% da população em 5 ou 10 anos”, completa.