SÃO PAULO (Reuters) - O Ibama suspendeu o licenciamento ambiental do projeto da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, que teria cerca de 6,1 gigawatts em capacidade instalada e seria uma das maiores do Brasil, após estudos da Fundação Nacional do Índio (Funai) terem apontado "inviabilidade do projeto".
A suspensão do processo de emissão de licença prévia da usina foi comunicada pelo Ibama em ofício assinado pela presidente da órgão, Marilene Ramos, e enviado à diretoria da Eletrobras (SA:ELET3).
A mega usina do Tapajós, cuja licitação chegou a ser agendada no final de 2014, apenas para ser desmarcada dias depois, tem sido estudada há anos pela Eletrobras e pela estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia.
Foi formado, inclusive, um grupo de estudos para analisar o empreendimento, integrado por Eletrobras e pelas francesas GDF Suez (PA:ENGIE) e EDF (PA:EDF), além de Cemig (SA:CMIG4), Copel, Neoenergia, Endesa Brasil e Camargo Corrêa.
O grupo ficou responsável pelos estudos de viabilidade ambientais e de engenharia da hidrelétrica de Tapajós e ainda da usina Jatobá, também prevista para o rio Tapajós, com 2,3 gigawatts em potência.
As hidrelétricas vinham sofrendo forte oposição de grupos ambientalistas. No início de abril, o Greenpeace divulgou estudo em que afirmou que a construção da usina do Tapajós iria "alagar 376 km² de floresta em uma região classificada por especialistas como de biodiversidade excepcional até para padrões amazônicos".
Segundo o Ibama, a Funai disse que o empreendimento seria inviável do ponto de vista dos impactos para os indígenas.
"Informações encaminhadas ao Ibama... apontam a inviabilidade do projeto sob a ótica do componente indígena e recomendam a suspensão do processo... O eventual prosseguimento do processo de licenciamento dependerá de manifestação conclusiva da Funai", apontou o órgão ambiental.
(Por Luciano Costa)