Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa retomava o viés positivo nesta sexta-feira, tendo renovado máxima da sessão após o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar que "chegou a hora" de o banco central dos Estados Unidos cortar os juros.
Por volta de 11:55, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,73%, a 136.165,88 pontos, tendo chegado a 136.346,5 pontos no melhor momento. O volume financeiro somava 6,46 bilhões de reais.
Na véspera, o Ibovespa caiu quase 1%, em dia de realização de lucros, após renovar máximas históricas nos pregões anteriores. Com o desempenho desta sexta-feira, acumula na semana até o momento um ganho de 1,65%.
"Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram", disse Powell em discurso no simpósio anual do Fed de Kansas City em Jackson Hole, no Estado norte-americano de Wyoming. A taxa de juros dos EUA está na faixa de 5,25% a 5,50%, nível mais alto em 25 anos.
"Chegou a hora de ajustar a política. A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos."
Em Wall Street, o S&P 500 avançava 0,66%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano recuava a 3,8047%, de 3,862% na véspera.
Após a fala, os futuros de juros nos EUA ainda embutiam uma chance maior de corte de 0,25 percentual em setembro, mas passaram a precificar probabilidade de 33% de redução de 0,50 ponto, de pouco mais de 25% antes do discurso.
A consolidação das apostas de corte de juros pelo Fed no próximo mês tem apoiado fluxo de capital externo para as ações brasileiras, com os dados mais recentes da B3 (BVMF:B3SA3) mostrando uma entrada líquida de 7 bilhões de reais em agosto até o dia 21.
DESTAQUES
- BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subia 2,32%, favorecido por relatório do JPMorgan (NYSE:JPM) reiterando "overweight" para as ações e estabelecendo um preço-alvo de 20 reais para os papéis ao final de 2025, de 18 reais ao final de 2024. Para os analistas do banco, há argumentos nas melhorias recentes apresentadas pela instituição que sugerem que o Bradesco deve retornar ao ROE de 15% a 16% mais cedo do que a administração tem estimado.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) mostrava acréscimo de 0,22%, enquanto BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) tinha elevação de 1,21% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) registrava aumento de 1,58%.
- IRB (BVMF:IRBR3)(RE) ON avançava 4,46%, endossado por revisão de estimativas para a resseguradora por analistas do JPMorgan após o balanço do segundo trimestre, que resultou em um preço-alvo de 44 reais para o final de 2025, de 37 reais calculados para o final de 2024. A previsão do lucro por ação passou de 2,02 para 4,10 reais neste ano e de 5,84 para 6,20 reais no próximo.
- JBS ON (BVMF:JBSS3) recuava 3,18%, com o declínio do dólar ante o real abrindo espaço para uma correção no rali recente dos papéis após repercussão positiva dos números do segundo trimestre. Até a véspera, as ações tinham subido 9,50% desde a apresentação do resultado trimestral. No setor, BRF ON (BVMF:BRFS3) cedia 2,99% e MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) perdia 3,14%, enquanto MINERVA ON (BVMF:BEEF3) caía 0,9%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) cedia 0,24%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou as negociações diurnas em queda de 2,24%, a 719,5 iuanes (100,81 dólares) a tonelada.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subia 0,32%, alinhada ao comportamento dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent era negociado em alta de 2,08%, a 78,83 dólares.