Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta de 1% nesta quinta-feira, renovando máximas históricas, ainda embalado pela perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos no próximo ano e manutenção no ritmo de afrouxamento monetário no Brasil.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,06%, a 130.842,09 pontos, superando o recorde de fechamento anterior, de 130.776,27 pontos, de 7 de junho de 2021.
No melhor momento do dia, chegou a 131.259,81 pontos, também acima do recorde intradia de 7 de junho de 2021 (131.190,30 pontos). Na mínima, marcou 129.469,02 pontos.
O volume financeiro somou 34,2 bilhões de reais, bem acima da média diária para o mês, de cerca de 25,5 bilhões de reais, tendo também no radar o vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista na sexta-feira.
De acordo com o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, o ponto chave para mais um fôlego no rali de alta do final de ano ficou por conta de uma certa mudança no posicionamento do Federal Reserve na quarta-feira.
"Especificamente de (Jerome) Powell, quando trouxe aos ouvidos do mercado a tão sonhada frase de que começaram a debater sobre corte da taxa de juros", afirmou, referindo-se ao chair o banco central norte-americano.
Em paralelo, na visão de Lima, o comunicado do Banco Central no Brasil que acompanhou a decisão de reduzir a Selic a 11,75% na véspera trouxe a percepção de que o ambiente externo "mostra-se menos adverso", selando o otimismo desencadeado por Powell.
Agentes financeiros também acompanharam a movimentação em Brasília, onde um acordo do governo com o Congresso destravou a votação da Medida Provisória 1185, que regulamenta subvenções e traz mudanças no mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP).
O acerto, em troca da derrubada de um veto do arcabouço fiscal que limita o pagamento das emendas orçamentárias de comissão, também deve assegurar a apreciação do restante da pauta econômica até a semana que vem, disseram fontes à Reuters.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 2,17%, a 35,32 reais, apoiada ainda pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou o dia negociado com elevação de mais de 3%. No setor, PRIO ON encerrou com acréscimo de 4,54%, a 47,28 reais, tendo ainda como pano de fundo aumento no preço-alvo pelo analistas Luiz Carvalho, do UBS BB (BVMF:BBAS3), de 60 para 64 reais, com recomendação de "compra" mantida.
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 0,55%, a 73,40 reais, mesmo com a queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange caiu 1,05%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) ganhou 0,83%, a 32,87 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) fechou em alta de 1,71%, a 17,25 reais, endossados ainda pelas perspectivas relacionadas a mudanças -- e não extinção -- no mecanismo de JCP. O destaque entre os bancos do Ibovespa ficou com BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT, que subiu 2,96%, renovando máxima histórica para o fechamento, a 36,84 reais. No melhor momento, chegou a 37,12 reais.
- DEXCO ON (BVMF:DXCO3) avançou 4,79%, a 8,10 reais, tendo no radar anúncio de JCP de 174 milhões de reais.
- CSN ON (BVMF:CSNA3) avançou 0,51%, a 17,61 reais, tocando no melhor momento uma máxima intradia desde junho de 2022, a 17,77 reais, em dia de evento Investor Day da companhia. A CSN divulgou previsões para os próximos anos, incluindo projeção de investimento de 6 bilhões de reais apenas para 2024, acelerando aportes em relação ao ano corrente conforme espera vender mais aço no próximo ano. CSN MINERAÇÃO ON perdeu 2,05%.
- MRV&CO ON fechou em alta de 4,23%, a 10,83 reais, com as perspectivas para os juros favorecendo construtoras. O índice do setor imobiliário na B3 (BVMF:B3SA3) avançou 2,38%. Além disso, a Resia, subsidiária norte-americana da MRV&Co, prevê a construção de mil unidades e a venda de 1,3 mil no próximo ano, disse o diretor financeiro da empresa, Thiago Caixeta, nesta quinta-feira, que também reforçou seu compromisso de não queimar caixa em 2024.
- ITAÚSA PN (BVMF:ITSA4) valorizou-se 1,20%, a 10,13 reais, após anunciar nesta quinta-feira que levantou 1,7 bilhão de reais entre novembro e dezembro com a venda do restante de sua participação na plataforma de investimentos XP (BVMF:XPBR31). Na véspera, a holding também divulgou que seu conselho de administração aprovou JCP de 820 milhões de reais.
- CASAS BAHIA ON recuou 5,66%, a 0,50 real, acompanhada de perto por MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3), que caiu 3,95%, a 2,43 reais. Dados do IBGE mostraram que as vendas no varejo brasileiro apresentaram perdas em outubro, frustrando previsões e ainda mostrando dificuldades em deslanchar. Na contramão, LOJAS RENNER ON (BVMF:LREN3) avançou 4,3%.