Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa ensaiava uma segunda alta seguida nesta segunda-feira, após acumular queda na semana passada, acompanhando o tom mais positivo em praças acionárias no exterior, em meio a um relativo alívio nos receios sobre um aperto monetário muito forte nos Estado Unidos, além de medidas na China.
Às 11:49, o Ibovespa subia 1,66 %, a 98.156,35 pontos. O volume financeiro somava 5,5 bilhões de reais.
Em Wall Street, o S&P 500 avançava 0,6%, com agentes financeiros ainda reagindo a declarações de autoridades do Federal Reserve e dados de sexta-feira que amenizaram apostas de alta de 1 ponto percentual na taxa de juros norte-americana no final do mês.
Balanços de bancos também ocupavam a atenção em Nova York, com os números do Goldman Sachs (NYSE:GS), que teve lucro acima do esperado no segundo trimestre, endossando o viés de alta.
Apesar da melhora, a Genial Investimentos avalia que as incertezas quanto ao comportamento da economia mundial continuam no radar, particularmente o comportamento da inflação nos EUA e Europa e a trajetória de aperto monetário, além das reações da atividade econômica diante do aperto das condições financeiras.
"Serão os fatores que irão determinar o comportamento dos preços dos ativos financeiros nas próximas semanas", avaliou em comentário a clientes mais cedo.
Na China, reguladores intensificaram os esforços para incentivar bancos a concederem empréstimos a projetos imobiliários qualificados.
No Brasil, a pauta mostrou desaceleração na inflação medida pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que subiu 0,60% em julho, contra alta de 0,74% no mês anterior, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira. No entanto, o dado ficou acima da expectativa de economistas, de 0,46%.
Do ponto de vista técnico, a equipe do Safra avalia que o Ibovespa segue em tendência de baixa no curto prazo e encontra suporte na faixa de 93.500 pontos. "Do lado da alta, o índice encontra resistência em 100.700 pontos", afirmaram em relatório a clientes nesta segunda-feira.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) valorizava-se 2,2%, na esteira da alta dos preços do minério de ferro na Ásia, com os contratos futuros nas bolsas de Dalian e Cingapura voltando a negociar acima da marca de 100 dólares nesta segunda-feira, após a China tentar aliviar preocupações relacionadas às dificuldades financeiras enfrentadas pelo setor imobiliário. CSN (BVMF:CSNA3) MINERAÇÃO ON subia 3,3%.
- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) disparava 7,6%, ampliando a recuperação no mês, com o ganho acumulado quase em 28%. VIA ON subia 5% e AMERICANAS ON tinha elevação de 2,1%. Índice da empresa de meios de pagamentos Cielo (BVMF:CIEL3) mostrou expansão de 5,9% nas vendas no varejo no mês passado ano a ano, desconta a inflação. No ano, porém, essas ações ainda recuam cerca de 59%, 52% e 46%, respectivamente.
- PETRORIO ON subia 5,9%, buscando uma reação após perdas nas primeiras semanas do mês, em movimento endossado pela melhora dos preços do petróleo no exterior. Até a sexta-feira, a ação acumulava queda de cerca de 5,9% em julho. No setor, 3R PETROLEUM ON valorizava-se 3,1%. PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) aumentava 1,9%, com reunião do conselho de administração da companhia também no radar.
- IRB BRASIL (BVMF:IRBR3) RE ON mostrava acréscimo de 4,7%, também buscando apoio no clima mais positivo no mercado como um todo para estender os ganhos em julho, que já alcançam 9,4%, após tombo de 31% em junho.
- EZTEC (BVMF:EZTC3) ON caía 3,9%, tendo de pano de fundo prévia operacional do segundo trimestre da construtora, com queda de 20% nas vendas líquidas frente ao mesmo período do ano passado, para 229 milhões de reais, em desempenho que analistas, entre eles os do Credit Suisse (SIX:CSGN) e do Itaú BBA, consideraram fraco. O índice o setor imobiliário, que também inclui ações de empresas de shopping centers, subia 0,7%.
- ECORODOVIAS ON (BVMF:ECOR3) subia 4,2%, tendo no radar que a sua controlada indireta Eco101 protocolou junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) intenção de colocar trecho da BR-101 para relicitação. A relicitação envolve a "extinção amigável" do contrato de concessão, bem como um termo aditivo com novas condições contratuais até a nova licitação do empreendimento.
(Por Paula Arend Laier, edição Alberto Alerigi Jr. e André Romani)