O Ibovespa devolveu nesta quinta-feira, 21, parte dos ganhos da véspera, em sessão marcada pela reação dos mercados ao tom mais duro adotado na quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A percepção de que a taxa Selic pode chegar ao fim do ciclo de cortes acima do que se esperava desencadeou a correção da Bolsa brasileira, na contramão do fortalecimento dos índices acionários de Nova York, que renovaram recordes históricos.
No fim do dia, o Ibovespa havia caído 0,75%, para 128.158,57 pontos. Das 87 ações que compõem a carteira teórica do índice, 54 caíram. Ele chegou a avançar logo após a abertura, quando tocou a máxima de 129.555,91 pontos (+0,33%), mas inverteu o sinal ainda pela manhã. Na mínima, desceu até os 128.125,05 pontos (-0,80%). O giro financeiro foi de R$ 21,6 bilhões.
O ajuste de apostas sobre o tamanho e a velocidade da redução dos juros no Brasil deu o tom dos mercados. Na quarta, o Copom diminuiu a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, de 11,25% para 10,75%, e sua comunicação, passando a indicar novo corte de mesma magnitude só na "próxima reunião" - e não nas "próximas reuniões", no plural, como vinha mantendo desde o início do ciclo, em agosto passado.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, os mercados tiveram uma reação esperada à decisão do Copom. No caso da Bolsa, ele destaca que tanto a discussão sobre a taxa de juros no fim do ciclo, como a possibilidade de desaceleração no ritmo de cortes pesam negativamente sobre o Ibovespa.
"Boa parte do suporte que a Bolsa brasileira tem tido é justamente pela percepção do mercado de que chegaria à taxa terminal mais rápido e, quando você passa a ter uma percepção de um ritmo mais lento, a Bolsa perde esse suporte", afirma Borsoi. Na quarta, ele aumentou a projeção de Selic no fim do ciclo, de 9% para 9,5%.
O economista-chefe da consultoria de investimentos Traad, Leonardo Cappa, diz que o desempenho negativo dos setores de consumo e financeiro hoje é uma evidência dos efeitos negativos do comunicado do Copom para a Bolsa. Os índices desses segmentos, mais sensíveis à perspectiva de juros altos por mais tempo, cederam entre 0,71% e 1,32%, respectivamente.
No setor financeiro, os destaques negativos foram Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) PN (-1,03%) e B3 ON (BVMF:B3SA3) (-2,75%, na mínima). No de consumo, aparecem as cinco maiores quedas do Ibovespa: Cogna ON (BVMF:COGN3) (-11,90%), CVC ON (BVMF:CVCB3) (-5,04%), Casas Bahia ON (-3,10%), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) ON (-2,93%) e Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) ON (-2,84%). Petrobras (BVMF:PETR4) (PN -2,72%, ON -2,04%) também foi destaque negativo: o mercado reagiu mal aos nomes indicados pela União e pelos acionistas minoritários para as eleições dos conselhos de administração e fiscal, no dia 25 de abril.
Na ponta positiva, as maiores altas ficaram com Marfrig (BVMF:MRFG3) ON (+2,69%), São Martinho (BVMF:SMTO3) ON (+1,94%), LWSA ON (+1,85%), SLC Agrícola (BVMF:SLCE3) ON (+1,66%) e Weg (BVMF:WEGE3) ON (+1,55%).