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Ibovespa cai 1,34% no dia, a 106,3 mil pontos, e tem perda de 7,28% na semana

Publicado 22.10.2021, 15:03
© Reuters.  Ibovespa cai 1,34% no dia, a 106,3 mil pontos, e tem perda de 7,28% na semana
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O Ibovespa conseguiu limitar as perdas ao longo da tarde para fechar o dia em baixa de 1,34%, aos 106.296,18 pontos, tendo chegado na mínima desta sexta-feira aos 102.853,96 pontos, menor nível intradia desde 13 de novembro de 2020 (102.508,77), com giro financeiro muito intenso, a R$ 58,7 bilhões. O nível de fechamento foi o menor desde o último dia 20 de novembro (106.042,48 pontos).

O Ibovespa, que mais cedo havia chegado a cair quase 5 mil pontos entre a mínima e a máxima do dia, de 107.749,34 pontos, fechou a semana com perda de 7,28%, que chegou a se aproximar de 10% no pior momento da sessão - na semana anterior, avançou 1,61%, vindo de leves perdas de 0,06% e 0,34% nas precedentes.

Ainda assim, foi o pior desempenho semanal desde o auge do temor sobre a pandemia, em março de 2020, superando por pouco a do intervalo encerrado em 30 de outubro de 2020 (-7,22%), há quase um ano, quando prevalecia cautela desde o exterior com a eleição americana - aquela semana fora a pior para o Ibovespa desde o tombo de 18,88% entre 16 e 20 de março, o intervalo que precedeu o início da quarentena e que se mantém, até aqui, como o ponto mais baixo da pandemia. No ano de 2021, o Ibovespa cede agora 10,69%, com perda de 4,22% no mês de outubro.

Nesta sexta, com a acomodação da percepção de risco ao longo da tarde, ações como as de Petrobras (SA:PETR4) e as de grandes bancos, de forte peso no Ibovespa, encerraram o dia limitando a correção vista mais cedo, quando mostravam perda em torno ou acima de 5% na sessão. Ao final, as quedas ficaram entre 0,45% (Unit do Santander (SA:SANB11)) e 3,84% (Itaú (SA:ITUB4) PN) nas maiores instituições financeiras, e entre 0,98% (PN) e 1,97% (ON) para as de Petrobras.

Reagindo ao preço do minério de ferro na China (+2,22%), o desempenho de Vale (SA:VALE3) (ON +1,22%) e de ações de siderurgia (Gerdau (SA:GGBR4) Metalúrgica +2,08%, Usiminas (SA:USIM5) PNA +1,34%) contribuiu desde cedo para que as perdas do índice da B3 (SA:B3SA3), superiores a 4% no pior momento desta sexta-feira, não fossem ainda maiores.

Movidas pelo fortalecimento de 3,16% do dólar ao longo da semana, Klabin (SA:KLBN11) (+7,56%) e Suzano (SA:SUZB3) (+7,32%) seguraram a ponta positiva do Ibovespa na sessão, à frente de Qualicorp (SA:QUAL3) (+2,81) e Gerdau Metalúrgica (+2,08%). Na face oposta, novo dia de realização de lucros em Getnet (-15,52%), à frente de Locaweb (SA:LWSA3) (-8,89%) e Banco Inter (SA:BIDI4) (Unit -6,65%).

Desde cedo, os rumores quanto a eventual saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, após os pedidos de exoneração apresentados na noite anterior por quatro importantes secretários das áreas de Tesouro e Orçamento, acentuaram os temores do mercado quanto à direção do fiscal no caminho para 2022, ano eleitoral, punindo severamente os ativos brasileiros.

No meio da tarde, contudo, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Guedes falaram lado a lado, em visita do mandatário ao gabinete da Economia, após a qual Bolsonaro reiterou "confiança absoluta" no ministro, com quem disse se entender "muito bem". "Guedes entende as aflições que o governo passa", acrescentou o presidente. "Entendemos que a economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso de nossa parte", afirmou o presidente, que observou também não estar disposto a "aventuras".

"Em nenhum momento, presidente insinuou nada semelhante demissão", acrescentou o ministro. "Não pedi demissão em nenhum momento", ressaltou Guedes.

A busca por uma imagem de pacificação entre o presidente e o ministro contribuiu para firmar a limitação de perdas na Bolsa e a acomodação do câmbio, que já vinham sendo observadas antes da manifestação conjunta, com o dólar, após máxima do dia a R$ 5,7545, estabilizando-se entre R$ 5,66 e R$ 5,67 no meio da tarde, e passando depois a viés de baixa na sessão, com mínima a R$ 5,6223 e fechamento a R$ 5,6273 (-0,71%).

A rápida definição do servidor de carreira Esteves Colnago, ex-ministro do Planejamento no governo Temer e que já integrava o quadro de Guedes na Economia, para a secretaria especial do Tesouro e do Orçamento, no lugar de Bruno Funchal, foi recebida de forma favorável, contribuindo para limitar a percepção de risco.

"O rompimento do teto foi bem precificado e a aparição de Bolsonaro e Guedes juntos traz um pouco mais de tranquilidade, embora ninguém tenha gostado dessa notícia da semana, a ruptura do teto, uma medida populista, 100% voltada para eleição", diz Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual (SA:BPAC11). "A curva de juros abriu bastante, permitindo encontrar prefixados com taxas melhores, em momento de risco para a renda variável, para as ações."

Para Viviane, a depender da definição dos novos nomes para recompor o Tesouro, e dos desdobramentos da próxima semana, pode haver alguma recuperação gradual tanto para o real como para o Ibovespa, que esta semana esteve bem descolado de Nova York, com S&P 500 em novo pico histórico, refletindo a positiva temporada de balanços trimestrais nos Estados Unidos.

"A debandada no Tesouro foi uma sinalização ruim, deixando Paulo Guedes isolado, o que explica a reação negativa, estressada, do mercado", diz Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos, para quem a "poeira não está baixando", com outros fatores de risco ainda pendentes no curto prazo, como a possibilidade de paralisação de caminhoneiros. "A curva de juros abriu mais ainda. O estouro do teto mostra que o Guedes não está mais lá para impedir que o teto seja furado", acrescenta Milane, observando que, na prática, "com teto furado, o mercado precifica que o ministro já caiu".

Nesta sexta, ao lado de Bolsonaro, Guedes tentou se desvincular da imagem de "fura-teto". Segundo o ministro, seu papel é o de avaliar o limite de aumento de gastos para não abalar os fundamentos fiscais. Em outro momento, Guedes disse que a mudança no indexador do teto de gastos é "defensável tecnicamente" e que não altera os fundamentos fiscais da economia.

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