O temor com a exposição dos bancos às Americanas levou o Ibovespa à terceira queda seguida nesta segunda, 16, em um dia de redução dos preços de commodities e de baixa liquidez devido ao feriado de Martin Luther King Jr., que fechou as bolsas nos Estados Unidos. O principal índice de referência da B3 (BVMF:B3SA3) encerrou a sessão em 109.212,66 pontos, em baixa de 1,54%, na maior contração diária desde o último dia 3 (-2,08%), quando o ministro Carlos Lupi havia defendido a revogação da reforma da Previdência. Com o resultado, o índice apagou os ganhos do ano e cai 0,48% no acumulado de 2023.
Em baixa desde o início da sessão devido às preocupações em torno da varejista e ao aumento das expectativas de inflação e juros apuradas no relatório Focus, o Ibovespa tocou a mínima de 108.802,91 pontos (-1,91%) em meados da tarde, minutos após o Broadcast divulgar que o governo estuda aumentar o salário mínimo acima dos R$ 1.320,00 previstos no Orçamento. A informação renovou no mercado as preocupações com as contas públicas, mesmo depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ter defendido em Davos uma "retomada econômica com sustentabilidade fiscal".
"Basicamente, o que refletiu hoje foi a questão do aumento do salário mínimo acima do que já está no Orçamento e o efeito sistêmico da recuperação judicial das Americanas, com o mercado preocupado principalmente com Americanas", diz o sócio e economista da Valor Investimentos Gabriel Meira. "Com a questão de a dívida da Americanas ter batido perto de R$ 40 bilhões e da recuperação judicial, o mercado está bem receoso quanto a um efeito sistêmico."
Os papéis da varejista derreteram 38,41% no pregão de hoje, após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) ter concedido na sexta-feira, 13, 30 dias corridos para a empresa entrar com pedido de recuperação judicial. Com a crise na Americanas, os maiores bancos credores da empresa fecharam em baixa e puxaram as perdas do Ibovespa. As units do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) caíram 3,38%, enquanto as do Santander (BVMF:SANB11) cederam 4,41%. Também tiveram baixas Bradesco (BVMF:BBDC4) (-2,21% ON, -3,07% PN) e Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) (-1,08% ). O índice setorial financeiro da B3 caiu 1,73% e acumula perda de 0,52% em 2023.
A queda dos preços de commodities no mercado internacional também penalizou a Bolsa brasileira, enquanto o mercado acompanha a situação sanitária na China após o abandono da política de Covid Zero no país. Após saltar mais de 8% na semana passada, o petróleo Brent para março fechou em baixa de 0,96%, a US$ 84,46 o barril. Em meio à redução dos preços do óleo, os papéis da Petrobras (BVMF:PETR4) tiveram baixas de 2,16% (PN) e 2,49% (ON).
Na contramão do restante do índice, Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+12,24%), Via (+10,55%), Carrefour (BVMF:CRFB3) (+4,40%), Embraer (BVMF:EMBR3) (+3,94%) e Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) (+2,23%) lideraram os ganhos do dia.