Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou com o Ibovespa em queda nesta segunda-feira, com ações do setor financeiro entre as maiores pressões negativas, em pregão também marcado por expectativas para negociações comerciais entre Estados Unidos e China na semana.
Principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 1,93%, a 100.572,77 pontos, menor fechamento desde 3 de setembro. O giro financeiro da sessão somou 13,4 bilhões de reais.
No exterior, reportagem de que Pequim estaria cada vez mais relutante a aceitar um acordo comercial amplo buscado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, minou a confiança de investidores a poucos dias de nova rodada de conversas.
As negociações entre os dois gigantes econômicos estão marcadas para começarem na quinta-feira. Sinais contraditórios sobre o andamento das conversas têm adicionado volatilidade aos mercados e receios com a desaceleração da economia global.
"Existe grande incerteza em torno do resultado das conversas e os mercados deverão agir prontamente a qualquer novo desenvolvimento", afirmou a Guide Investimentos.
"A expectativa que predomina é de mais uma semana de volatilidade ... principalmente após dados de atividade terem decepcionado na semana passada e reforçado efeitos negativos do embate sobre a economia americana."
Após o fechamento do pregão, Trump disse que há boa possibilidade de acordo comercial com a China, mas apuração exclusiva da Reuters mostrou que o Departamento Comercial dos EUA vai indicar 28 entidades comerciais e do governo da China em uma lista negra comercial. O departamento confirmou a informação.
Do cenário doméstico, profissionais do mercado financeiro citaram notícia publicada pelo Diário da Amazônia de que o ministro Paulo Guedes deve deixar o governo em fevereiro como fator que ajudou nas perdas. À Reuters, contudo, um fonte da área econômica do governo negou a informação.
Dados disponibilizados pela B3 mostraram saída líquida de mais de 4,38 bilhões de reais do segmento Bovespa nos três primeiros pregões de outubro, reforçando o viés mais cauteloso no mercado secundário de ações no Brasil.
Uma série de ofertas de ações deve ser precificada neste mês, entre elas a da Vivara (SA:VIVA3), na terça-feira, da Helbor (SA:HBOR3), no dia 10, do Banco do Brasil, no dia 17, da C&A e do Banco BMG, dia 24.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) caiu 3,95%, em meio a uma oferta secundária de ações. No setor, ITAÚ UNIBANCO recuou 1,85%, BTG PACTUAL cedeu 2,18% e SANTANDER BRASIL caiu 2,24%.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 0,64%, mesmo após o segundo maior banco privado do país anunciar proposta de dividendo extraordinário de 8 bilhões de reais, que será avaliada pelo conselho em reunião do próximo dia 17. "Muito positivo", afirmou o analista Marcelo Telles, do Credit Suisse.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) caíram 6,61% e 7,9%. No fim de semana, a Folha de S.Paulo noticiou que o governo enterrou de vez os planos de injetar 3,5 bilhões de reais para tornar a companhia mais atraente para investidores privados.
- VALE ON (SA:VALE3) desvalorizou-se 1,18%, descolada do movimento mais positivo de mineradoras no exterior.
- RD ON (SA:RADL3) subiu 0,62%, entre as poucas altas da sessão, no primeiro pregão após encontro da empresa com analistas e investidores, com o BTG Pactual (SA:BPAC11) citando perspectivas melhores para a empresa nos próximos trimestres.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) caíram 1,28% e 1,56%, respectivamente, apesar da alta dos preços do petróleo no mercado externo.