Embora em movimento mais discreto do que o visto lá fora nesta segunda-feira, 11, mas acentuado ao fim do dia com a piora em Nova York, o Ibovespa se alinhou à aversão a risco que prevaleceu desde a sessão asiática (Hong Kong -3,03%) e se estendeu à de NY (Dow Jones -1,19%, S&P 500 -1,69%, Nasdaq -2,18%), após dados de inflação ao consumidor e ao produtor na China além do esperado para março, leitura que reforça as preocupações globais quanto à escalada de preços. Nos EUA, os juros longos seguiram em alta, para vencimentos de 10 e 30 anos, enquanto os de 2 anos cederam.
Na B3 (SA:B3SA3), o Ibovespa fechou a sessão na mínima do dia, em baixa de 1,16%, a 116.952,85 pontos, saindo de máxima a 118.320,39 pontos, da abertura, com giro ainda moderado, a R$ 25,9 bilhões no encerramento. No mês, o índice cede 2,54%, mas acumulando ganho de 11,57% no ano.
Hoje, o índice DXY - que contrapõe o dólar a uma cesta de moedas de referência, como euro, iene e libra - aproximou-se e tocou a marca de 100, tendo a moeda americana sido negociada, no Brasil, perto da estabilidade ao longo da tarde, com baixa de 0,39%, a R$ 4,6904 no fechamento desta segunda-feira. A correção foi forte no petróleo, em queda superior a 4% para Brent e WTI na sessão, ambas negociadas abaixo de US$ 100 por barril - respectivamente, nas casas de US$ 98 e de US$ 94.
"O Brent veio hoje a US$ 98,2 na mínima, US$ 97,57, tendo sido negociado nos últimos três dias entre US$ 100 e US$ 103 por barril. Nossa gasolina pode ficar um pouco mais barata, há essa esperança, dado que o câmbio também tem se depreciado, na região de R$ 4,73 (por dólar). Se continuar essa tendência, Petrobras (SA:PETR4) pode anunciar alguma redução, como a da semana passada, do GLP. Ainda que a defasagem de nossa gasolina esteja se equiparando a níveis internacionais, se (o barril) ceder a US$ 95, Petrobras pode anunciar algum ajuste no preço da gasolina", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
Nesta segunda-feira, as ações de Petrobras fecharam no negativo (ON -1,32%, PN -0,76%), enquanto Vale ON (SA:VALE3) cedeu 1,21%, em sessão também negativa para o setor de siderurgia, com queda de 4,56%, a US$ 136,35 por tonelada, para o minério de ferro na bolsa de Dalian, na China, reporta em nota a Nova Futura Investimentos. No país asiático, o índice de preços ao produtor teve alta de 8,3% e o do consumidor, de 1,5% em março, e "o número elevado de infectados pelo coronavírus, aliado às restrições impostas pelo governo, gera receios quanto ao crescimento econômico da principal economia da região", acrescenta a gestora.
Na B3, os grandes bancos tiveram desempenho misto no fechamento, com destaque, num lado, para BB (SA:BBAS3) ON (+0,63%) e Bradesco (SA:BBDC4) ON (+0,17%), e, no outro, para Itaú (SA:ITUB4) PN (-0,38%) e Santander (SA:SANB11) (Unit -0,59%). Na ponta do Ibovespa, Braskem (SA:BRKM5) (+1,88%), à frente de Ambev (SA:ABEV3) (+1,81%), Cielo (SA:CIEL3) (+1,46%) e Carrefour (SA:CRFB3) Brasil (+1,12%). No lado oposto, BRF (SA:BRFS3) (-7,11%), Cogna (SA:COGN3) (-5,65%), WEG (SA:WEGE3) (-4,66%) e B3 (-4,62%).
"Depois de uma semana de bastante cautela e de 'gangorra' nos mercados internacional e doméstico, começamos esta, mais curta (pelo feriado da Sexta-Feira Santa), falando novamente de inflação, que segue como principal destaque no Brasil e no mundo", aponta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. Para controlar inflação "rodando em 8% ao ano", e diante de um mercado de trabalho "bastante apertado", com pressão de alta nos salários, as sinalizações do Federal Reserve continuarão "impactando os mercados nos próximos meses", acrescenta a economista.
O Ibovespa, depois do início da correção no dia 5, "ainda não mostrou definição muito clara de força, nem para retomada da tendência de alta (com resistência a 121 mil pontos), nem de correção mais profunda (com suporte a 115 mil pontos)", observa Pam Semezzato, para quem "um 'candle' que mostre rompimento da máxima ou mínima do dia 6 de abril pode nos trazer um sinal melhor".