O Ibovespa encerra a segunda semana de dezembro acumulando ganhos de 5,7% no mês e sustentando a marca dos 115 mil pontos - mesmo nível de fevereiro deste ano. Mas o pregão, que encerrou apontando estabilidade, foi marcado preponderantemente pelo o que os operadores chamam de realização em uma alta, passando por uma queda mais forte no período da manhã, mas que foi se abrandando ao longo desta sexta-feira. Quase no fim da etapa vespertina dos negócios, aproveitando uma brecha de leve bom humor em Nova York, especificamente do índice Dow Jones que inverteu o sinal, o Ibovespa passou ao positivo.
Com os investidores ávidos por notícias domésticas em dia insosso, o índice chegou a acelerar os ganhos na última hora antes do fechamento, e renovou máxima intraday a 115.526,57 pontos, em consonância com o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, em audiência na Comissão Mista do Congresso Nacional, que pediu aprovação de reformas e voltou a repetir que tudo que será feito vai respeitar o teto de gastos. Ele disse ainda ser possível reduzir o déficit público de 3% para 2% do Produto Interno Bruto (PIB).
No entanto, logo após, o discurso do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez os investidores tirarem o pé do acelerador. Ele afirmou que a reforma tributária está pronta, tem voto, mas não vai ser votada por causa de briga política. Também criticou o adiamento da votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Emergencial. O presidente da Câmara ainda afirmou que o governo "quer usina em venda da Eletrobras (SA:ELET3) e o modelo está sob suspeição, por isso, não anda".
Depois disso, o Ibovespa encerrou aos 115.128,00 pontos (0,00%) com giro financeiro de R$ 30,7 bilhões.
Um pouco antes, as ações do setor financeiro ajudaram a sustentar a alta, mesmo que tímida. BB (SA:BBAS3) ON andou 1,74% enquanto as units do Santander (SA:SANB11) ganharam 1,16%. E, durante todo o dia, o destaque foi para as ações da Eletrobras após o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO) defender que a desestatização da Eletrobras será um dos temas prioritários do Congresso em 2021 e há perspectivas concretas para a votação. Assim, Elet ON brilhou no ranking das maiores altas de hoje com 5,65%.
"Hoje o mercado passou o dia realizando uma alta", avaliou Luiz Mariano De Rosa sócio da Improve Investimentos, lembrando que após ganhos de 1,88% no índice na véspera é natural se esperar um recuo. "Mas as vendas não foram significativas apesar de já estarmos situados nos níveis que antecederam a grande queda."
No exterior, o dia foi negativo pelas indefinições quanto ao pacote de estímulos nos Estados Unidos e também quanto ao acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia, que pesaram também na bolsa brasileira. Internamente o fator de destaque foi a notícia de que o relatório da PEC emergencial vai ficar para 2021, sendo que havia expectativas de que esse texto fosse apresentado hoje. "Se o mercado subir mais um pouco, e não tiver a questão fiscal resolvida, do mesmo jeito que o estrangeiro entrou rápido, pode sair fortemente. Tem de ter um atrativo para eles. Estamos brincando no 30º andar, sem grade", completou Luiz Mariano Rosa.