Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira e acima dos 99 mil pontos pela primeira vez na história, favorecido pelo viés benigno em praças acionárias no exterior e perspectivas positivas para a agenda econômica do governo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,54 por cento, a 99.136,74 pontos, mais uma vez frustrando apostas mais otimistas de que chegaria a 100 mil pontos na sessão. Na máxima, o índice alcançou 99.393,33 pontos. O volume financeiro atingiu 17,9 bilhões de reais.
Na semana, o Ibovespa acumulou acréscimo de 3,96 por cento.
Em Wall Street, os ganhos encontraram suporte com confiança em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e China. A agência de notícias Xinhua noticiou conversa telefônica entre representantes dos dois lados, citando progressos significativos.
O S&P 500 fechou em alta de 0,5 por cento e teve a melhor semana do ano.
No Brasil, repercutiu positivamente o desfecho de leilão de três lotes de aeroportos nesta sexta-feira, no qual o governo federal levantou 2,377 bilhões de reais em valor de outorga mínima após certame acirrado.
Agentes de mercado consideraram o leilão um sucesso, que serve como termômetro do interesse de investidores no país. As atenções agora estão voltadas para o leilão da concessão da ferrovia Norte-Sul no final do mês.
"O Brasil hoje teve um bom dia, cenário externo bom, reforma da Previdência caminhando conforme esperado, mas com riscos ainda a serem monitorados", afirmou o gestor de portfólio Guilherme Foureaux, sócio na Paineiras Investimentos.
Ele ressaltou que as incertezas não vão sumir da noite para o dia e nem o mercado vai esperar 100 por cento de aprovação da reforma da Previdência para seguir sua trajetória positiva, e destacou que há outros fatores indicando retomada da economia.
"Há uma fissura dos 100 mil pontos...mas eu vejo apenas como um número. O que muda?", acrescentou.
A última sessão da semana também foi marcada por ajustes antes do vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista na segunda-feira, que tem entre as séries mais líquidas papéis com relevante peso na composição do Ibovespa.
DESTAQUES
- BRF (SA:BRFS3) subiu 7,08 por cento, tendo no radar perspectivas sobre o efeito da gripe suína africana no mercado chinês, com analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) destacando em nota a clientes que o evento traz implicações positivas para companhias brasileiras. JBS (SA:JBSS3) valorizou-se 3,13 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) fechou com acréscimo de 0,21 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançou 1,05 por cento, tendo no radar a que a empresa pode vender 10 bilhões de dólares em ativos nos primeiros quatro meses do ano, conforme presidente da petrolífera, Roberto Castello Branco.
- ITAÚ UNIBANCO PN encerrou praticamente estável, mas BRADESCO PN (SA:BBDC4) ganhou 0,42 por cento, ajudando no fechamento positivo do Ibovespa. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) e SANTANDER BRASIL também encerraram no azul.
- ESTÁCIO cedeu 2,88 por cento, em meio à repercussão do resultado do último trimestre do ano passado, além de comentários de executivos da empresa de ensino de que veem estabilidade nas captações de alunos para cursos presenciais no primeiro semestre de 2019.
- ECORODOVIAS (SA:ECOR3) caiu 2,8 por cento, após queda de 27,2 por cento no lucro do quarto trimestre, com desdobramentos da greve dos caminhoneiros, maiores provisões para gastos com manutenção de vias e despesas para apoiar investigações sobre envolvimento da empresa em corrupção.
- VALE (SA:VALE3) cedeu 0,32 por cento, acompanhando o movimento de mineradoras na Europa e com notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) quer obrigar a mineradora a garantir o valor mínimo de 50 bilhões de reais para reparação ambiental devido ao rompimento da barragem da empresa em Brumadinho (SP).
(Edição Alberto Alerigi Jr.)