Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, beneficiado pela queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, com investidores enxergando em declarações de autoridades do Federal Reserve a possibilidade de que o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos tenha terminado.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,37 %, a 116.736,95 pontos, na terceira alta seguida. Na máxima do dia, chegou a 116.899,51 pontos. Na mínima, a 115.157,9 pontos. O volume financeiro somou 20,1 bilhões de reais.
"O apetite a risco internacional impulsionou o Ibovespa", afirmou o sócio e especialista da Blue3 Investimentos Dennis Esteves, elencando entre os principais componentes o movimento dos títulos do Tesouro dos EUA, noticiário sobre mais estímulos na China e os preços do petróleo ainda em níveis elevados.
Nos Estados Unidos, os Treasuries reagiram a comentários mais "dovish" de autoridades do Fed desde a véspera, incluindo as falas do vice-chair do BC norte-americano e da presidente do Fed de Dallas de que a recente alta nos rendimentos pode reduzir a necessidade de novos aumentos na taxa de juros.
Nesta terça-feira, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que o banco central dos EUA não precisa aumentar ainda mais os custos dos empréstimos.
A queda nos retornos do títulos da dívida norte-americana também refletiu a demanda por ativos considerados mais seguros em meio à violência contínua no Oriente Médio, com Israel bombardeando a Faixa de Gaza nesta terça-feira e militantes do Hamas ameaçando executar um prisioneiro para cada casa atingida.
No final da tarde, o Treasury de 10 anos mostrava um yield de 4,653%, ante 4,782% na última sexta-feira, uma vez que não houve negociação no mercado de títulos dos EUA na véspera em razão do Dia de Colombo. O vencimento de 30 anos marcava 4,8325%, de 4,942% no pregão anterior.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,52%.
O comportamento dos Treasuries ampliou a queda nas taxas dos contratos de DI, que já haviam recuado na véspera, o que deu suporte a papéis sensíveis a juros na bolsa paulista, com o índice de consumo avançando 2,7% e o do setor imobiliário encerrando com elevação de 2,67%
Destaques
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 0,60%, a 66,78 reais, mesmo com o declínio dos futuros do minério de ferro nas negociações diurnas na China, uma vez que o noticiário voltou a alimentar expectativas de novos estímulos àquela economia.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 0,74%, a 35,21 reais, revertendo a fraqueza da abertura e renovando máximas históricas, diante de um ajuste modesto nos preços do petróleo no exterior. Após disparar mais de 4% na véspera, o barril de Brent encerrou o dia com declínio de apenas 0,57%, a 87,65 dólares.
- GOL (BVMF:GOLL4) PN disparou 7,26%, a 6,80 reais, favorecida pelo alívio na curva de DI e tendo ainda no radar alta de 6,7% na demanda total por voos em setembro ante o mesmo período do ano passado, enquanto a oferta da empresa avançou 4,7%. No setor de viagens, CVC (BVMF:CVCB3) BRASIL ON saltou 16,48%, a 3,11 reais, e AZUL PN (BVMF:AZUL4) avançou 7,41%, a 13,33 reais.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedeu 0,11%, a 27,63 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) subiu 1,12%, a 14,50 reais.
- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) fechou em alta de 6,99%, a 1,99 real, com o setor como um todo favorecido pelo comportamento dos juros futuros. No varejo alimentar, GPA (BVMF:PCAR3) ON foi destaque, com elevação de 9,33%, a 3,75 reais, enquanto AREZZO ON teve o melhor desempenho entre as de vestuário e acessórios, com acréscimo de 4,87%, a 67,60 reais.
- ALPARGATAS PN (BVMF:ALPA4) caiu 4,34%, a 7,49 reais, na contramão do clima mais positivo na bolsa, em dia de poucas quedas do Ibovespa. Analistas do Citi reiteraram recomendação "neutra" para as ações e cortaram o preço-alvo da ação de 10 reais para 8,70 reais, enquanto esperam que o balanço do terceiro trimestre ainda mostrará um período difícil para a dona da Havaianas. Também revisaram para baixo projeções de lucros e margens para o período 2023 a 2025.