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Ibovespa fecha em forte queda pressionado por declínio em Wall Street

Publicado 24.10.2018, 17:35
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda e na mínima em quase duas semanas nesta quarta-feira, minado pelo forte recuo das bolsas nos Estados Unidos, em sessão marcada pelo começo da temporada de resultados no país com Fibria (SA:FIBR3) e WEG (SA:WEGE3) e ausência de novidades relevantes no cenário eleitoral.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,62 por cento, a 83.063,56 pontos, menor patamar desde 11 de outubro. O volume financeiro do pregão somou 13,6 bilhões de reais.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 encerrou em baixa de 3 por cento, engatando o sexto pregão seguido no vermelho, com previsões fracas de fabricantes de chips aumentando as preocupações sobre o impacto nos resultados das companhias da adoção de tarifas e da desaceleração econômica na China.

As perdas se acentuaram após o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) afirmar em seu Livro Bege, relatório sobre a economia norte-americana, que as fábricas elevaram os preços em razão das tarifas, mas que a inflação parecia modesta ou moderada na maior parte do país.

Dados fracos sobre moradias nos EUA também pesaram.

"A direção do mercado doméstico foi determinada por Nova York, onde o noticiário econômico-corporativo desfavorável combinado com o susto acerca de pacotes enviados a ex-presidentes dos EUA abriram espaço para nova realização lucros", disse o gestor Marco Tulli, da mesa de Bovespa da Coinvalores.

"No começo do mês, o S&P 500 renovou máxima histórica. Não fica difícil encontrar motivos para embolsar lucros. E a bolsa no Brasil, como na maioria das vezes, acompanhou", acrescentou.

No cenário eleitoral doméstico, o gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, observa que não há nada de novo para mudar no curto prazo, com uma provável vitória do candidato Jair Bolsonaro já bastante precificada no mercado.

O candidato do PSL vem liderando pesquisas sobre o segundo turno da corrida presidencial contra Fernando Haddad, do PT, que terá seu desfecho no domingo. Assim, agentes financeiros vêm monitorando notícias sobre a potencial equipe e planos, principalmente no âmbito econômico, da nova administração.

Profissionais da área de renda variável também citaram movimento de investidores locais se posicionando em contratos futuros do Ibovespa, de olho no resultado do próximo dia 28.

DESTAQUES

- VALE (SA:VALE3) caiu 4,09 por cento, seguindo o movimento de outras mineradoras no exterior, antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre, ainda nesta quarta-feira. A expectativa entre analistas é de desempenho forte após dados recordes de produção e venda de minério de ferro no período.

- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) perdeu 2,6 por cento, contaminado pelo viés mais negativo vindo do exterior, que enfraqueceu bancos de modo geral, com o índice do setor financeiro recuando 2,31 por cento.

- AMBEV (SA:ABEV3) recuou 4,45 por cento, em meio a expectativas negativas para o balanço da fabricante de bebidas. A rival Heineken disse que aumentou as vendas de cerveja em todas as quatro regiões do mundo no terceiro trimestre, com Brasil entre os destaques.

- COSAN despencou 9,95 por cento, após anunciar que, em conjunto com a Cosan (SA:CSAN3) Logística, avaliará a viabilidade de incorporação da mesma, com ambas buscando otimizar a estrutura societária do grupo e reduzir custos operacionais. COSAN LOG, que não está no Ibovespa, subiu 8,35 por cento.

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuou 1,98 por cento, sucumbindo ao viés de baixa na bolsa como um todo. Mais cedo no pregão, subiu até 3 por cento. A petrolífera de controle estatal anunciou início da produção de petróleo e gás natural na área de Lula Extremo Sul, no pré-sal da Bacia de Santos, por meio da plataforma P-69.

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- FIBRIA subiu 1,12 por cento, após Ebitda recorde no terceiro trimestre. Em teleconferência sobre o resultado, a empresa disse que o mercado global de celulose deve continuar apertado nos próximos meses. A Fibria está em processo de ser incorporada pela Suzano (SA:SUZB3), que avançou 2,46 por cento.

- WEG encerrou em alta de 0,78 por cento, em sessão sem viés claro, com resultado trimestral mostrando crescimento de mais de 20 por cento no Ebitda e de mais de 30 por cento na receita, mas queda na margem bruta, o que já era esperado, conforme analistas do Itaú BBA, que consideraram o balanço neutro.

Dólar sobe e se reaproxima de R$3,75 com aversão ao risco no exterior

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou a quarta-feira em alta pela segunda sessão consecutiva, perto dos 3,75 reais, com o aumento da aversão ao risco no mercado internacional, enquanto investidores aguardam o desfecho da eleição presidencial doméstica no próximo domingo.

O dólar avançou 1,33 por cento, a 3,7463 reais na venda, depois de marcar a máxima de 3,7478 reais. Na mínima, ainda pela manhã, atingiu 3,6827 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,20 por cento.

"A notícia das bombas nos Estados Unidos é algo relevante, aumentou a aversão ao risco global, pode ser um ataque terrorista", comentou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer, ao comentar o incidente que elevou o nervosismo dos mercados nesta sessão.

A polícia interceptou supostos artefatos explosivos enviados ao ex-presidente norte-americano Barack Obama, à ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton e à redação da rede CNN de Nova York, que aparentemente visaram figuras que são alvos de críticos de direita a uma quinzena das eleições parlamentares.

Esse episódio se somou às preocupações dos investidores com o crescimento global, tarifas comerciais, orçamento italiano e isolamento da Arábia Saudita depois da morte de um jornalista na Turquia.

As bolsas norte-americanas tiveram nova sessão de forte queda, influenciadas ainda pelo Livro Bege, que mostrou que muitas indústrias elevaram seus preços por causa das tarifas comerciais, embora a inflação aparente estar modesta ou moderada na maior parte do país.

O movimento de aversão ao risco fez o dólar ter forte alta ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano e, ainda, o real.

No início do dia, a moeda norte-americana chegou a cair ante o real, com o exterior mais tranquilo e os investidores esperando o desfecho eleitoral.

"O dólar deve passar os próximos dias de lado, entre 3,65-3,70, esperando o resultado das eleições, domingo", avaliou naquele momento a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, para quem a pesquisa Ibope da véspera, apesar de reduzir um pouco a distância entre o líder e Fernando Haddad (PT), ainda mostra grande vantagem para Bolsonaro, com difícil reversão para o PT.

O levantamento mostrou que Bolsonaro está com 57 por cento dos votos válidos, contra 43 por cento do adversário, de 59 a 41 por cento na pesquisa anterior.

A rejeição ao capitão da reserva subiu para 40 por cento, de 35 por cento, enquanto em relação a Haddad caiu a 41 por cento, de 47 por cento, o que ajudou a justificar uma tímida correção no início do dia.

"Se realmente for confirmada a vitória de Bolsonaro, que é o cenário mais provável, pode ter um rali na segunda-feira e, depois, ... volta à vida normal", acrescentou Fernanda.

De todo o modo, os investidores monitoram o noticiário político, sobretudo em busca de informações "positivas" sobre o provável novo governo, no que diz respeito, principalmente, ao ajuste fiscal.

Na véspera, o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse que Bolsonaro, uma vez eleito, pretende definir os nomes de seus ministros e presidentes de estatais em até 30 dias pós-eleição. Além disso, afirmou que não está descartada a manutenção de Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central.

O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 6,545 bilhões de dólares do total de 8,027 bilhões de dólares que vence em novembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

Profissionais ouvidos pela Reuters informaram que o recuo recente do dólar abriu espaço para uma discussão sobre a redução do estoque de swap, mas avaliam que a autoridade monetária pode esperar um cenário mais claro pós-eleição para se decidir.

(Edição de Maria Pia Palermo, Camila Moreira e Iuri Dantas)

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