(Corrige no 2º parágrafo dado de fechamento do Ibovespa na terça-feira retificado pela B3 (BVMF:B3SA3) para queda de 0,33%, a 117.555,52 pontos -- ao invés de recuo de 0,61%, a 117.219,95 pontos)
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma queda discreta nesta terça-feira, pressionado particularmente pelo recuo das ações de Itaú Unibanco e Petrobras, mas distante da mínima em meio ao forte avanço dos papéis da Vale, com agentes financeiros também analisando no dia a primeira deflação em nove meses do IPCA.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,33%, a 117.555,52 pontos. No pior momento, chegou a 115.703,93 pontos, mínima intradia em cerca de um mês. O volume financeiro somou 27,3 bilhões de reais.
Antes da abertura da bolsa, o IBGE divulgou que o IPCA recuou 0,08% em junho e passou a acumular em 12 meses uma taxa positiva de 3,16%, ambos mostrando melhora frente às medidas registradas em maio. Projeções compiladas pela Reuters apontavam declínio de 0,10% no mês e alta de 3,17% em 12 meses.
Apesar de os números ficarem praticamente dentro das expectativas e reforçarem um quadro mais benigno em relação aos preços a consumidor no país, corroboraram um cenário de alívio monetário apenas gradual pelo Banco Central em agosto, de 0,25 ponto percentual, principalmente devido à inflação de serviços.
De acordo com o analista da VG Research Lucas Lima, os preços dos serviços são bastante sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, podendo fazer com que o BC tenha uma maior cautela no ritmo de redução da taxa de juros. "Com isso, o mercado... começa a ajustar suas expectativas", acrescentou.
As apostas de uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 1 e 2 de agosto, vinham prevalecendo, mas existia uma parcela razoável apostando em 0,5 ponto.
Na visão da economista e especialista da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, apesar de a deflação do IPCA sugerir que há espaço para o BC começar a cortar os juros, o mercado não absorveu isso de forma positiva uma vez que a inflação de serviços se mostrou bastante resiliente.
"Foi suficiente para esfriar as apróximade um corte de 0,5 ponto percentual na proxima reunião", acrescentou.
Para o gestor de renda variável da Western Asset César Mikail, o movimento no pregão também refletiu um pouco de realização de lucros dado o rali recente.
Ele ainda avaliou que clima "bem tranquilo" no mercado externo colaborou com a melhora no pregão brasileiro, após uma abertura mais negativa na esteira do IPCA, e acrescentou que o período de férias nos EUA e Europa acaba afetando o volume na B3, abrindo espaço para uma volatilidade maior.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,67%, com agentes financeiros no aguardo de dados de inflação ao consumidor norte-americano na quarta-feira, que podem dar novas pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve, e atentos ao começo da temporada de balanços.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) fechou com declínio de 1,76%, a 28,44 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) reagiu e terminou com acréscimo de 0,06%, a 16,3 reais.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 1,35%, a 29,15 reais, tendo ainda no radar pedido de acesso ao virtual data room da Braskem para o processo de due diligence visando eventual exercício de "tag along" ou de direito de preferência na hipótese de alienação da fatia da Novonor na petroquímica. BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) caiu 2,03%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 3,29%, a 66,58 reais, com a alta dos futuros do minério de ferro após o BC chinês estender um pacote de resgate para o setor imobiliário. Em Cingapura, o contrato de referência avançou 1,8%, enquanto na China o prazo mais negociado subiu apenas 0,1% na Dalian Commodity Exchange.
- GOL PN recuou 5,88%, a 11,05 reais, e AZUL PN (BVMF:AZUL4) cedeu 2,61%, a 19,4 reais, com papéis cíclicos domésticos recuando em peso na B3. No caso da Gol (BVMF:GOLL4), o Goldman Sachs (NYSE:GS) também cortou a recomendação dos papéis para "neutra", embora tenha elevado o preço-alvo de 12,10 para 13,50 reais. Para Azul, que tem recomendação "neutra", o preço-alvo passou de 19,50 para 22,40 reais.
- BRF ON (BVMF:BRFS3) caiu 1,82%, a 9,7 reais, a poucos dias de precificar sua oferta de ações, o que está previsto para o dia 13, em operação que permitirá a concretização de um investimento da saudita Salic e da Marfrig (BVMF:MRFG3) na companhia brasileira.
- GPA (BVMF:PCAR3) ON avançou 1,57%, a 22,69 reais, também entre as poucas altas do Ibovespa no dia, conforme o papel segue suscetível a expectativas envolvendo sua participação no grupo colombiano Éxito. Investidores também monitoram a situação do controlador da companhia, o grupo francês Casino.
- COPEL PNB (BVMF:CPLE6) fechou em alta de 0,62%, a 8,09 reais, mesmo após acionistas aprovarem reforma de seu estatuto social que permite a privatização, com regras semelhantes às adotadas na Eletrobras (BVMF:ELET3), apesar da posição contrária do BNDESPar, que detém cerca de 24% da elétrica.
- IRB (BVMF:IRBR3) RE valorizou-se 4,41%, a 53,53 reais, renovando máximas desde agosto do ano passado, após algum ajuste na véspera. Apenas em junho, a ação já acumula elevação de cerca de 23%. No ano, o ganho supera 100%.
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